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Netflix compra a Warner Bros.

Netflix compra a Warner Bros., e agora?

A notícias que domina o momento é que a Netflix compra Warner e a HBO por mais de US$ 82.7 bilhões. Os números impressionam, o tamanho da empresa impressiona – a quantidade de franquias milionárias (bilionárias) envolvidas assustado qualquer um e envolvem diversas mídias: séries, filmes, games, quadrinhos e muito mais.

A oferta surge dois meses após a Netflix afirmar não ter dinheiro (cerca de R$ 3,3 bilhões) para pagar de tributação no Brasil. Aparentemente alguém estava escondendo o cofrinho.

Marcas famosas como Hanna-Barbera, Cartoon Network, HBO, DC Comics, DC Studios, Harry Potter, The Matrix, Mortal Kombat, Superman, Batman, entre tantas outras, agora estaria sob o comando da Netflix. Porém, é importante lembrar, ainda é necessária a autorização da fiscalização dos EUA quanto à possível monopólio.

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Bilheterias bilionárias agora pertenceriam à Netflix, incluindo Barbie, Aquaman, Coringa, O Hobbit, franquia Harry Potter, Minecraft: O Filme e muitos outros.

Porém, a Paramount não gostou de perder essa briga e já teria oferecido uma contra-proposta de US$ 108.4 e iniciado uma tomada hostil (hostile take over). Nessa “modalidade” de tomada a Paramount compraria as ações diretamente dos acionistas e tornando o dono majoritário e podendo tomar o comando do conselho da Warner Bros. Segundo a AXIOS esse movimento inclui a Affinity Partners, empresa de Jared Kushner (genro de Donald Trump que também comprou a Eletronic Arts recentemente) e fundos estrangeiros da Arábia Saudita, Abu Dhabi e Qatar.

Para os gamers de plantão lembramos que empresas como Rocksteady (série Batman: Arkham e Suicide Squad: Kill The Justice League), NetherRealm (Mortal Kombat), Avalanche (Mad Max, Rage e Just Cause) e TT Games (diversos jogos de LEGO, incluindo Batman) fazem parte do negócio.

Obviamente não podemos ignorar a mão do Estado no negócio, a Paramount Skydance é um braço da Oracle, importantes apoiadores financeiros do governo Donald Trump. A interferência do governo é possível e já avisou sobre questões de competição de mercado segundo o The Guardian. O presidente estadunidense ainda apontou que a compra pode ser um problema.

A importância dessa influencia se mostra no fato que Ted Sarandos, co-CEO da Netflix, foi até a Casa Branca discutir o “negócio” com Trump como apontado pelo Bleeding Cool. A conversa teria envolvido também negociações para incentivos fiscais para a empresa.

Torre de Água da Warner Bros com o logo tipo da Netflix - blog FAROFEIROS

Problemaflix

A comoção da comunidade criativa mundial não é por acaso. O tamanho da Netflix na concretização deste negócio assusta qualquer criativo que luta contra a homogeneização de produtos culturais.

Para comparação: a Disney pagou US$ 71,3 bilhões pela FOX, US$ 4 bilhões pela Marvel e US$ 4 bilhões por Star Wars (ou LucasFilm). Enquanto isso a Activision Blizzard foi comprada por US$ 68.7 bilhões pela Microsoft. Valores astronômicos movidos à especulação.

Obviamente a Netflix anunciou que irá manter toda operação da Warner Bros, mas o foco da compra é mais lucro. Logo departamentos redundantes irão ser excluídos, mais gente deverá ser demitida nos próximos meses.

Mas a situação piora se olharmos a situação dos cinemas. Obviamente o foco da Netflix nunca foi tal mídia por concorrer diretamente com seu modelo de negócio: acesso de filmes e séries em casa. Os filmes da Warner podem tirar cerca de 30% dos lançamentos de filmes em películas.

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Hoje a Warner Bros. Entertainment ocuparia o terceiro lugar entre as maiores empresas da indústria do cinema estadunidense com cerca de 13% do mercado, perdendo apenas para Walt Disney Studios e Universal Studios.

Em 2025 a Warner Bros. foi o primeiro estúdio de cinema a ultrapassar a marca de US$ 4 bilhões em bilheteria mundialmente. Porém, a Netflix é um serviço de streaming, o quanto dos cinemas seria retirado para alimentar o serviço é algo que assusta a indústria. Alguns apontam um possível colapso de redes de cinemas já que a Netflix prioriza a entrada rápida dos títulos no seu serviço de streaming. Por isso existiria um risco de que filmes com o selo Warner Bros. fiquem pouco tempo no cinema.

O cineasta Kleber Mendonça Filho (diretor de O Agente Secreto) disse em publicação em rede social que vai continuar garantindo em contrato pelo menos três meses de exibição de seus filmes nos cinemas: “Se as salas de cinema começarem a fechar, meu filme será exibido exclusivamente nas que irão permanecer, e nos países que defenderem frontalmente a experiência de ir ao cinema“.

O Agente Secreto - Wagner Moura - blog FAROFEIROS

Até James Cameron (Avatar e Titanic) criticou a aquisição como um desastre para a indústria cinematográfica em entrevista ao podcast The Town.

Isso também favoreceria a homogeneização dos produtos, linguagens e estéticas, deixando de lado inclusão e culturas de menor apelo comercial. Sem mencionar que o catálogo que pode ser simplesmente ignorado pela Netflix é gigantesco e sim, podemos perder acesso à diversas obras.

A senadora democrata dos EUA, Elizabeth Warren, teria alegado que o acordo seria um pesadelo antimonopólio e que a empresa seria uma gigante que controlaria quase metade do mercado de streaming dos EUA. E, nós sabemos, quando o monopólio não é regulado os preços sempre sobem.

Mas tudo isso é apenas mais um episódio dessa novela que levará meses para se concretizar.

  • Atualização 08/12/2025 às 14: adicionado informações que envolvem o genro de Donald Trump na ação hostil da Paramount.

Por Rodrigo Castro

Debochado e inconveniente. Escritor, roteirista e designer de brincadeirinha.

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