Antes de assistir Spencer eu não fazia ideia sobre o que o filme se tratava.
Achei que Spencer fosse alguma coisa envolvendo espionagem. Minha namorada então, segundos antes do filme, disse “Dizem que a Kristen Stwart está ótima nesse papel”. Aí eu soltei a famigerada indagação: “sobre o que é esse filme?” Para minha total surpresa, era um filme sobre a Princesa Diana no melhor estilo “Slice of Life”, de longe uma das minhas estruturas de filmes prediletas, aquela na qual o filme é um picotado do realismo mundano do personagem.
Em Spencer, Stwart interpreta MAGISTRALMENTE uma Lady Di enclausurada pela tradição. E quando digo Magistralmente, bem, não é porque é exatamente igual à princesa mais famosa do século passado, mas sim pela adaptação que Stwart traz.
Ela mistura a aparente doçura que Diana tinha com uma leve atitude rebelde que, se Diana realmente tinha, confesso desconhecer. Sutil releitura. Uma sutil releitura que casa perfeitamente bem com essa agonia do ambiente no qual o filme se desenrola.
Passar um natal com a Rainha deve ser realmente um porre. Tudo é feito “em prol da tradição”; a tradição da realeza, a tradição da opressão à mulher na realeza, a tradição das tradicionais irritações de um tradicional natal numa família real tradicional. O filme é angustiante. Tá loco. me lembrou até mãe em determinados momentos.
Não pela atribulação de ocorridos que Mãe tem mas pela claustrofobia asfixiante que ambas as protagonistas sofrem. A todo instante Stwart parece que vai golfar toda a comida real enquanto solta grandes impropérios na esperança de tirar do sério uma rainha impávida.
E a todo instante o espectador espera por isso embora nunca receba pois está também enclausurado no olhar de desgosto doce desta Lady Di atualizada. Spencer foi uma grata surpresa nos filmes do Oscar. Kristen Stewart merece e muito a estátua de melhor atriz.
Nota geral: 7,5/10 farofas (diferente de Ataque dos Cães ou The Batman)