Crítica sem spoilers de Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis.
Esqueça absolutamente tudo o que você leu pela internet sobre Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis pelas redes sociais. Este é certamente o filme que mais subestimei até o momento por ser fã do personagem nos quadrinhos. Sei, porém, que ele estava presente em diversos momentos importantes da Marvel Comics, incluindo minha fase favorita dos Vingadores.
Logo, com tanta bagagem, era óbvio que o Shang-Chi do cinema seria diferente dos quadrinhos, mesmo os originais criados por Steve Englehart e Jim Starlin. O Mestre do Kung Fu foi claramente inspirado em Bruce Lee e inserir um lutador marcial seria uma árdua tarefa em um mundo com homens de ferro e deuses com martelos – sem mencionar os soldados alterados geneticamente.
A versão do cinema é própria da Marvel Studios, se inspira em tudo o que Shang-Chi já foi nos quadrinhos e o reposiciona neste caótico universo. E o diretor e um dos roteiristas do filme, Destin Daniel Cretton, faz o serviço bem feito. Homenageando e respeitando o passado, mas olhando para o futuro… Logo é preciso realmente esquecer os quadrinhos para apreciar o filme. Apesar disso, para os fãs, a história do filme tem MUITAS semelhanças com o que se viu no último Guerras Secretas, mais precisamente no Mundo Bélico.
Tudo começa mostrando Xu Wenwu e como os Dez Anéis o torna poderoso, até conhecer Ying Li, alguém que poderia sobrepujar o seu poder mas preferiu tê-lo como companheiro. Para que o relacionamento dos dois dessem frutos Li teve que deixar de ser protetora do vilarejo místico Ta Lo e Wenwu deixou o poder (e a vilania) dos Dez Anéis de lado.
O passado criminoso de Xu Wenwu acaba voltando e cobrando um alto preço, apesar de toda habilidade de Li ela é assassinada enquanto apenas seus filhos pequenos Shang-Chi e sua irmã Xu Xialing estavam em casa. Cego pela vingança, Wenwu volta seu poderia para a vingança e logo em seguida para trazer sua esposa de volta… Para o vilão sua esposa está aprisionada e seus filhos tem a chave para encontrar Ta Lo, onde ela supostamente estaria presa.
Não vemos ainda um final para Trevor – o Mandarim de Homem de Ferro 3. Apesar de ter adorado a personificação do ator como Mandarin é preciso entender que este é um universo paralelo aos quadrinhos, dificilmente algo será igual. Mas essa é só minha opinião, afinal All Hail to the King não caiu bem no meu estômago.
Visualmente o filme é exuberante, a direção de arte consegue dar o tom fantástico certo à essa visão do misticismo chinês sem ter que colocar um agente da SHIELD para tentar entender o que está acontecendo. Apesar dos uniformes dos heróis serem feitos de “escamas de dragão” eles poderiam ter sido feitos por qualquer lugar de alta tecnologia do Ta Lo (que por vezes é praticamente Ku Lun). E a cena pós créditos é com certeza uma das minhas favoritas até o momento… Não digo por ser reveladora nem nada, apenas por ser divertida.
Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis não deixa de ter clichês que nós ocidentais podemos identificar bem em filmes que retratam a cultura chinesa. Porém ele não é simplesmente um filme de kung fu da Marvel Studios, e isso me agradou demais.