Durante muitos anos da minha vida, eu sempre rebati a rispidez e grosseria das pessoas ao falarem comigo. Admito que também sou ríspido e grosseiro às vezes, é um defeito horrendo que tenho buscado melhorar ao longo dos anos. Sou sensível, sim, mas permissivo não.
Depois de perder muito social e profissionalmente por botar pra fora o que sentia no momento, tal qual o Davi essa semana no BBB 24, eu percebi que o único prejudicado era eu mesmo e a minha imagem perante o círculo social do qual eu fazia parte. Eu era e ainda sou visto como emocionado, descompensado, paranoico e imaginativo.
Tento todos os dias não me deixar levar pelas emoções quando recebo uma resposta dúbia. Comecei a relevar a forma falada ou escrita e esperar o momento certo para trazer aquela informação incômoda à tona, porque eu nunca fui muito fã de empurrar tudo para debaixo do tapete do coração.
Davi, atual participante Pipoca do BBB 24, teve um rompante emocional ao ser emparedado pela segunda vez consecutiva, e disparou contra um dos maiores manipuladores que as edições do Big Brother Brasil já tiveram, Nizam. Davi passou a impressão de descontrole emocional e fez com que todos os colegas de confinamento o vissem como alguém a ser julgado, afastado, indigno de ter um momento de empatia.
Davi tem Isabelle, que se proclama irmã do brother dentro da casa, a única a se colocar no lugar dele e entender o sentimento. E quando falamos em entender o sentimento, não estamos falando em relevar as reações explosivas que Davi teve, mas entender o motivo pelo qual aquilo aconteceu. Quando você entende o motivo, você pode ajudar para que a mesma reação não ocorra no futuro, porque, por muitas vezes, essas reações acontecem porque nunca há um entendimento do fato que levou àquela ebulição.
Isabelle usou o PNP, POSITIVO-NEGATIVO-POSITIVO, clássica técnica usada por professores e gestores para ajudar alunos e funcionários a melhorarem suas performances. Disse que entendia o motivo pelo qual ele estava com raiva, condenou a explosão e seguiu com a informação de que a visão de seu jogo estava correta, enquanto o resto da casa, que se afastou, julgou e condenou o participante se limitava a dizer que o ajudaria caso ele os procurasse. Ora, você se sente traído, atacado e ainda tem que ir pedir ajuda a quem o faz?
Eu entendo o Davi, porque, muitas vezes, a gente aponta o que sente e é rechaçado. Ai de você se você reagir, porque aí você sai como errado, quem perde a razão. Minha mãe sempre disse: “Quem bate, esquece. Quem leva, não”. E a minha avó dizia: “Quem muito abaixa mostra a bunda”. E como proceder nesses dois extremos? Como você encontra um equilíbrio, sozinho, no seu cantinho de dizer que não gostou sem ser grosseiro e nem relevar para parecer permissivo demais a outros atos de grosseria?
Bem, eu não tenho essa resposta. Por sinal, eu tenho procurado diariamente por um ponto de equilíbrio, mas quer saber o que ajudaria muito? Ajudaria quando eu falar pra uma pessoa que ela foi grosseira, ela refletir por um momento e não continuar insistindo. Porra, eu sou uma pessoa e tô falando de um sentimento, custa parar e refletir?
Se não foi a intenção dela, ela diz, ficamos bem, ambos se desculpam, vida que segue, todo mundo se desentende às vezes. Agora, não é justo você apontar algo que você sentiu e ainda ter o seu sentimento menosprezado e não respeitado, principalmente na frente dos outros. Se eu peço desculpas, se eu respeito o sentimento do outro, por que o meu não pode ter o mesmo respeito?
Esse texto teve dois gatilhos e eu sei que ele vai se voltar contra mim mais uma vez, acredito até que já está, mas tudo bem, a minha parte eu fiz.
Sim, eu sou uma pessoa sensível, mas não significa que eu tenha que ser permissivo.
Volto a qualquer momento com mais informações.