Passar em um concurso público é, para muitos, a realização de um sonho construído com esforço, estudo e dedicação. No meu caso, nem tanto estudo dedicado ao processo seletivo em si, mas muito esforço e empenho ao longo dos anos de graduação e mestrado.
Mas vamos a esse primeiro dia como professora da Rede Pública Estadual do Rio Grande do Sul…
Eu era uma jovem, de 24 anos, recém nomeada professora de Geografia, pela Secretaria de Educação do RS, esse desejo de estar em sala de aula e mudar a realidade de crianças e adolescentes, no entanto, pareceu ter virado um pesadelo assim que cheguei à escola onde deveria se apresentar.
Assim que cheguei, uma pessoa da equipe diretiva se recusou a receber meu documento de apresentação, dizendo, sem rodeios, que “a escola não precisa de professores de Geografia”. Fiquei surpresa — a própria Secretaria de Educação havia indicado aquela unidade como local com vagas disponíveis.
Inclusive, durante entrega da documentação no ato de posse, a pessoa da coordenadoria regional que me atendeu foi categórica de que aquela seria a melhor escola, tanto por eu ter mestrado como pelo fato de estar iniciando um doutorado.
Enfim… expliquei isso com calma, acreditando que se tratava de algum mal-entendido, mas fui recebida com frieza e muita resistência.
Depois da minha insistência, ela aceitou o documento, mas o pegou com visível desdém. Em seguida, exigiu que eu levasse uma série de cópias de documentos que não estavam listados como necessários — e me deu um prazo curtíssimo, de poucas horas, para providenciar tudo.
Questionei o motivo da pressa, já que ainda estava dentro do prazo legal para me apresentar, mas não obtive resposta. Apenas mais silêncio e indiferença.
Mesmo sem entender a razão de tanta hostilidade, corri atrás de tudo o que foi pedido. Organizei os documentos e voltei à escola dentro do prazo exigido. Ao chegar, a pessoa que havia feito as exigências não estava lá. Quem me atendeu não fazia ideia do que se tratava. Entreguei os papeis, mas saí sem qualquer segurança sobre o andamento das coisas, menos ainda sobre quando encontraria a diretora da escola para conversar.
Ser recebida assim, em um espaço onde deveria iniciar minha trajetória como professora efetiva da rede pública, foi doloroso. Não esperava aplausos, mas esperava respeito. Esperava ser acolhida por uma equipe que entendesse o valor de cada profissional da educação — e o quanto é difícil chegar até aqui.
Minha história não deveria ser comum, mas sei que, infelizmente, não é única. Escrevo este relato para dar voz ao que vivi — e para lembrar que a educação começa, também, pela forma como tratamos quem chega para somar. nossa vida fora da escola, teriam que invadir os perfis.