Games de Star Wars estão virando novela: O que está acontecendo com Battlefront II?
O que está acontecendo com Battlefront II e a Eletronic Arts é algo importante e até grave em alguns níveis. Inspirado por este artigo do The Washington Post acredito que seja importante falarmos mais ainda sobre o jogo de Star Wars que promove apostas, o recém lançado Battlefront II. O texto tenta explicar mais uma vez os bons motivos para se revoltar contra o esquema de itens adotado no game.
O exemplo seguido é o de um jogo de xadrez. Imagine que você convide um amigo para jogar com você mas os peões dele tem uma habilidade especial que os faz ter o mesmo movimento de uma rainha. O que lhe vem a cabeça? Seria isto um roubo? Ele não entendeu as regras ou simplesmente ganhou essa vantagem aleatoriamente em uma caixa de itens e você terá que lidar com isso?
Se em um jogo de tabuleiro é assim por que no jogo digital é preciso gastar mais do que se deve para vencer? E friso bem que isto não tem nada a ver com habilidade, se você tem alguma vantagem sobre seu oponente algo não está certo. A vantagem precisa ser a habilidade, conhecimento e tempo gasto de jogo. Não o quanto você gasta.
Como tenho falado fazem meses, Battlefront II não está fazendo isso direito. Você tem chances de ganhar diversos tipos de item na sua compra. Ou vai me dizer que ter um herói com 100% de invencibilidade durante o voo não é algo atraente? O que está acontecendo com Battlefront II?
Você até pode conseguir essas vantagens sem gastar dinheiro real, mas o tempo gasto é astronômico como já apontado aqui.
E, acredite se quiser, a Eletronic Arts coloca que essas vendas digitais são necessárias para cobrir o valor de desenvolvimento do jogo. Isso além dos R$ 200 ou mais que você já pagou pelo game. A diretoria da empresa tem se mostrado radical com seu modelo de negócio em diversos jogos e segundo declarações a coisa tende a se complicar.
A Bélgica resolveu investigar melhor essas caixas de itens. O que está acontecendo com Battlefront II está seguindo para Overwatch, o mega sucesso da Blizzard, ainda mais depois de algumas notícias apontarem patentes estranhas da empresa. Na China e na Coréia não se pode lançar tais caixas de itens com prêmios aleatórios de qualquer jeito como é feito aqui no ocidente. É preciso mostrar uma tabela com as porcentagens de chances que você terá de ganhar cada item.
Essas caixas de itens podem não se tratar diretamente de uma aposta, mas fundamentalmente elas são a mesma coisa. Ambos você coloca dinheiro sem saber o que e se vai ganhar algo (seja um item estético ou de aprimoramento).
A remoção temporária do sistema de compra de itens com dinheiro real no jogo foi suspensa não para agradar os fãs, mas para acalmar os acionistas e principalmente a Disney.
Aliás a empresa anda bem preocupada com a sua propriedade intelectual nas mãos da Eletronic Arts gerar tanta raiva. O que está acontecendo com Battlefront II é algo grave.
O artigo do The Washinton Post ainda coloca como culpado desse sistema Pay To Win os próprios jogadores. Em sua maioria são pessoas que não ligam ou pouco se importam realmente com o jogo e sua competitividade abusiva com o sistema adotado. O jornalista Jim Sterling acredita que a Eletronic Arts esteja criando sua Estrela da Morte com o sistema adotado em Battlefront II. Algo que acreditava-se invencível até sua explosão. Aliás, duas explosões.
Blake Jorgensen CFO da EA se mostrou irritado com jogadores que ainda se divertem com Battlefield 4 sem ainda pagarem algum valor. Paul Keslin da DICE se mostrou incrédulo dos jogadores não terem do que está acontecendo com Battlefront II.
Faz pouco tempo que discutíamos por aqui as DLCs, onde recitávamos uma frase que o então presidente da Nintendo o finado Satoru Iwata proferiu avisando que a empresa não trabalhava com jogos incompletos. Quando você comprava um game da empresa você sabia que você aproveitaria ele todo ali. Hoje a Nintendo mudou de opinião, mas o que foi dito continua sendo verdade. Hoje compramos jogos incompletos e pagamos mais por fatias do que pelo todo.
Battefield, FIFA, Mass Effect, SimCity e tantas outras franquias de sucesso da EA operadas de maneira comercialmente arbitrária para satisfazer acionistas, não os fãs.
Pelo visto estamos longe do dia de parar de reclamar da Eletronic Arts por aqui.
Enquanto isso a CD Projekt está vivendo muito bem dos lucros de The Witcher 3. Aprende Eletronic Arts, aprende.
