O mercado de quadrinhos durante a pandemia tem sofrido no mundo todo, e quem poderá nos ajudar?
Este não foi um texto fácil de se escrever. Notícias e boatos borbulham sobre o mercado de quadrinhos durante a pandemia, e uma solução não será fácil.
Obviamente os quadrinhos e os comics americanos não são as únicas áreas afetadas durante uma pandemia. Todos estão sofrendo as consequências de uma forma ou de outra em nome da vida. A melhor maneira de prevenir o colapso do sistema de saúde é mesmo ficando em casa, evitando que o vírus se prolifere.
Ninguém esperava uma situação destas e isso é um fato, o mercado de quadrinhos é, como acessório cultural, um dos mercados afetados. Normalmente já não seria justo comparar o mercado brasileiro com o norte americano, durante a pandemia então tudo se complica muito mais.
Os desafios para manter um mercado em tempos de negacionismo vindo do estado pode ser fatal. Infelizmente há aqueles que se dizem fãs de super heróis, aqueles que salvam centenas de vidas, que ignoram a possibilidade de um genocídio em nome do lucro.
Eventos de quadrinhos – como a San Diego Comic Con – foram cancelados ou adiados. E há quem diga que tudo isso é frescura, como pode ser frescura cuidar da saúde dos consumidores?
Por esses motivos comentarei cada mercado separadamente. Mesmo sabendo que a qualquer solução poderá ser mais complicada do que simplificarei.
O mercado de quadrinhos durante a pandemia no Brasil
Infelizmente para nós brasileiros termos informações e ajuda dos governantes é uma tarefa complicada. Ao ponto que medidas para se cortar salários e até financiar a folha de pagamento foram postas sabemos que esta não é a solução para o mercado de quadrinhos durante a pandemia.
Não sabemos os custos exatos que geram mas as grandes editoras continuam, até Maio de 2020 pelo menos, a distribuir seus gibis em grandes lojas online e algumas lojas físicas que tentam atender via internet também.
Como bons exemplos de coordenação temos a Editora Mino. Mesmo sem informações contábeis é fácil encontrar nas redes sociais atitudes da editora para movimentar o mercado de quadrinhos durante a pandemia de alguma forma.
Logo no início houve o lançamento de Berserker Unbound de Mike Deodato Jr e Jeff Lemire. O quadrinho pode ser adquirido por R$ 56 com frete grátis em lojas especializadas e no próprio site da editora. O preço de lançamento chegava a R$ 74.
Outra atitude louvável é o que tange o evento PerifaCon. A editora Janaína de Luna junto com a organização iriam lançar uma série de quadrinhos periféricos durante o evento. Mesmo sem o evento abriram a pré-venda do pacote Narrativas Periféricas com um ótimo desconto, são seis histórias que realmente estou ansioso para ler.
Ao ponto que essas iniciativas simples movimentam o mercado é sabido que sem ajuda financeira externa nenhum comercio no mundo irá sobreviver. Ainda mais em se falando em um acessório cultural em um país desigual como o Brasil.
Isso sem contar que lojas especializadas tem que fazer uma correria em dobro para angariar clientes e ainda enviar encomendas. Casos como a 1DASUL (do escritor Ferréz e Editora Comix Zone), Loja Monstra, Clube Molotov, Comic Boom e tantas outras. Estas lojas precisam de nossa ajuda, precisa que compremos nossos quadrinhos favoritos deles.
Enquanto uma ajuda governamental séria não vier para todos os pequenos empresários de todas as áreas não podemos vislumbrar um futuro mercado de quadrinhos durante a pandemia. Se nada for feito agora não teremos muito o que fazer depois.
A Panini parece que tem sofrido apesar de tudo. O material que ela utiliza para impressão estaria atrasado já há algum tempo devido ao lockdown promovido na Itália, sede mundial da empresa. Infelizmente não há maiores detalhes quanto a situação da empresa e suas publicações no Brasil.
O mercado de quadrinhos durante a pandemia nos EUA
Nos EUA o mercado de quadrinhos durante a pandemia sofreu um golpe bem duro da principal distribuidora da América do Norte. Logo no início da pandemia a Diamond anunciou que iria cancelar toda a distribuição de todos os quadrinhos em todas as regiões.
Entregadores, comicshops, criadores, editoras, simplesmente todos foram afetados devido a parada da empresa que detém o monopólio na distribuição de quadrinhos nos EUA. Isso fez com que as grandes editoras, como Marvel Comics e DC Comics, simplesmente deixassem de lançar seus quadrinhos semanalmente.
Toda quarta feira tínhamos algo novo para contar ou uma curiosidade para apontar aqui no Blog Farofeiros. Sem esses lançamentos o mercado inteiro de comics parou nos EUA, até sites famosos por click baits abusivos tiveram que começar a inventar assunto.
Como lá o mercado de quadrinhos é muito mais desenvolvido e rico uma das soluções apontadas seria abraçar de vez o formato digital. Deixando as versões impressas para colecionadores inveterados – mas isto prejudicaria seus principais fãs e principalmente as comicshops.
Em uma medida radical todos os lançamentos foram cancelados até este momento. Não há quadrinhos novos a venda nos EUA e isto é assustador.
Existe uma previsão de que a distribuição volte ao normal após o dia 20 de Maio de 2020. Mas isto não poderá ser levado como regra para o país todo, alguns locais com certeza não terão condições de manter a distribuição como se nada estivesse acontecendo.
Por manter o formato digital como seu principal método de distribuição para mercado de quadrinhos durante a pandemia a nova editora AWA Studios tem recebido elogios. Mas, novamente, sem ajuda governamental nem as boas ideias irão sobreviver.
A Marvel Comics divulgou novas datas para seus títulos, Gail Simone pediu por um novo Marvel Vs DC, Donny Cates comprou todo estoque de quadrinhos de uma loja. Nada disso será suficiente se os fãs não tiverem saúde para ler seus quadrinhos favoritos.
7 respostas em “O mercado de quadrinhos durante a pandemia”
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