A tragédia e comédia de um cidadão buscando um imóvel para alugar e os devaneios do mercado do Fantástico Mundo Imobiliário Carioca.
Eis que Thii Gouveia, seu conhecido sem noção, decidiu como meta para 2024 encontrar o que chama-se de CASA PADRÃO, LINEAR, INDEPENDENTE para enfrentar o próximo verão e próximas ondas de calor, já que as crises climáticas estão aí e ficarão mais intensas no Fantástico Mundo Imobiliário Carioca.
Não, não estou na iminência de me tornar um desabrigado, o que acontece é que por mais que eu ame esse apartamento, sinto que a Light, empresa de energia, está metendo a mão na minha conta, e eu nem tenho ar condicionado, além do fato de não ter ar condicionado e parecer que estou dentro de uma Air Fryer, então, pensei com os meus botões que, caso encontre uma casa, é menos ardido passar os dias quentes, já que você tem acesso a um chuveirão, uma borracha, até uma piscina de plástico, tudo para se sentir fresco como um peixe e não assado como um frango.
Apesar de ter desenrolado no Desenrola Brasil, o Serasa não quer deixar a minha pontuação boa. Minhas contas estão em dia, em débito automático pela primeira vez desde que me tornei juridicamente adulto, mas a minha pontuação está mais baixa do que a reputação do Léo Dias, mas decidi ser ousado e fui fazer a primeira sequência de buscas no Quinto Andar, que é um site de aluguel de imóveis perfeito para você que não precisa alugar nada, já que os preços são para pessoas que podem comprar um imóvel (já estou rindo aqui).
Defini os filtros que me interessavam: casa, permitido pets, mínimo de dois quartos, sem definição de preço para dar pro algoritmo a sensação de que não me preocupo com dinheiro.
E lá veio o único resultado: um imóvel com a maior cara de cativeiro, um quarto que cabe uma cama de solteiro, um banheiro que te convida a ficar em posição fetal para cagar e tomar banho ao mesmo tempo, uma cozinha de casa de boneca, uma sala que só cabe uma TV de tubo vale R$ 1.300 por mês! E eu tô falando de uma casa que fica no subúrbio carioca, nos fundos de uma outra casa de vila, que fica nos fundos. Mais cativeiro, impossível.
E aí, vêm as condições: comprovar renda bruta de três vezes o valor do aluguel do imóvel + sujeito à análise de crédito. Vamos aos cálculos: para alugar o cativeiro, eu teria que comprovar uma renda bruta de R$ 3.900 e ter o nome limpo, Score alto.
Tá, não é a minha realidade me tornar um sequestrador, então, recorri ao mais famoso site de busca de imóveis que existe e que permite que eu encontre opções sem imobiliária, ou seja, direto com o proprietário. Mas, claro, de cada 10 imóveis, oito possui proprietários que acreditam no “potencial” da sua residência.
Encontrei uma casa próxima a uma comunidade conhecida no Rio de Janeiro e que atende a quase todos os requisitos que procurava, tirando ficar no meio do fogo cruzado de tráfico, mílicia, polícia e exército: R$ 2 mil, com três meses de caução, seguro fiança ou fiador.
Se fosse depósito, eu teria que ter: R$ 2 mil do aluguel + R$ 6 mil do depósito + R$ 500 pra mudança + R$ 300 para contas resíduo = no mínimo R$ 8.800 “disponíveis” na minha linda conta bancária sem cheque especial e crédito. Risos.
Se fosse seguro fiança, o valor seria diluído, dependendo da seguradora, em até 10X e que viria junto ao aluguel. Isso se a seguradora liberar a análise de crédito.
Fiador… Hahaha, quem, em sã consciência, no Rio de Janeiro, aceita ser fiador de alguém em 2024?! Você mal consegue R$ 10 emprestados pra conseguir comprar um cigarro!
Gente, quem tem esse dinheiro livre, guardado num lugar rendendo, você acha que ela pretende alugar uma casa, ou aguentar mais um pouco pra dar entrada numa casa própria?
Parece que proprietários, corretores e imobiliárias estão perdendo a noção da realidade e não é de hoje.
Sigo na minha saga na busca da casa fresca perfeita. Perfeeeeita, perfeita, é difícil achar, mas que não tenha e não venha a ter os problemas enfrentados por mim em outros imóveis. Sigo rindo e com ódio, mas sigo procurando.
Volto a qualquer momento com um pensamento aleatório, sem começo, meio e fim, apenas porque preciso desabafar com alguém.
