Uma breve análise da primeira temporada de Luke Cage da Netflix.
Mais um herói dos quadrinhos da Marvel ganha sua versão de carne e osso, depois de Demolidor e Jessica Jones é a vez de Luke Cage da Netflix ganha sua série onde conta sua origem e o seu presente.
Este texto abrange apenas a primeira temporada da série. Apesar de ela ter sido cancelada ainda há esperanças de que ela tenha nova vida no serviço Disney Plus.
É bom lembrar para quem já assistiu às outras séries que os eventos da primeira temporada de Luke Cage acontecem após os eventos de Jessica Jones. E não, eles ainda não formam um casal… ela nem aparece na verdade. Como sempre nossa crítica tem alguns spoilers, só alguns não muitos… prometo!
Luke Cage está em fuga, não consegue ficar em um lugar sem a confusão lhe encontrar, mas em meio ao desespero encontrou a Barbearia do Pop o refúgio que precisava até ser atacado pelo líder local da bandidagem, Boca de Algodão, obrigando-o a tomar uma atitude contra o vilão do Harlem.
Após sofrer um acidente em um misterioso experimento Carl Lucas sofre uma alteração que além de lhe garantir mais força lhe deixou com a pele praticamente indestrutível, armas fundamentais para enfrentar o Boca de Algodão.
Este, por sua vez, está envolvido com tráfico de drogas, armas e lavagem de dinheiro graças à sua prima a vereadora Black Mariah que, apesar de dizer que não quer se envolver, está envolvida no crime organizado até o pescoço por uma Harlem melhor para seus moradores, mas principalmente ela.
A série gira em torno desta encrenca com Boca de Algodão até seu passado se mostrar mais presente do que deveria. Com Luke Cage defendendo os oprimidos pelos bandidos à luz do dia e sem máscara logo seu rosto ganha às mídias e um antigo vilão, Cascavel, se mostra como grande arquiteto da confusão toda.
Misty Knight, sem braço biônico e trabalhando para a polícia, é a detetive que tenta procurar a verdade por trás de tanta confusão ao redor de Cage que passa de vilão à herói algumas vezes.
Não aparecem outros super humanos infelizmente, a única participação especial é de Clarie Temple que tenta ajuda-lo algumas vezes… e até tenta tomar café com ele, mesmo assim Misty Knight tomou café com ele.
Luke Cage da Netflix é igual ao gibi?
Não, Luke Cage da Netflix não é fiel à sua origem nos quadrinhos, diversas semelhanças, algumas coisas são até iguais mas se trata de uma adaptação e tudo é alterado e atualizado. Veja bem, Boca de Algodão no gibi tem uns dentes estranhos.
Por exemplo… bem, a própria origem do herói é recontada para se encaixar em um passado mais recente, longe daquela briga racial intensa que havia nos EUA nos anos 70. Apesar de ter gostado da Misty Knight da série ainda está longe de ser a osso duro de roer que estamos acostumados a ver nos gibis.
Uma clara referência ao uniforme utilizado originalmente nos quadrinhos surge de maneira natural e presta a devida homenagem sem ser piegas.
Luke Cage da Netflix é tão barulhento e cria tanta confusão que é estranho a SHIELD não aparecer por lá para tomar uma atitude, mesmo que existam boatos de que haverá um crossover entre Luke Cage e Agents of SHIELD não temos nada confirmado e nem aparece nada na série.
Jessica Jones faz uma falta tremenda, se ela estivesse presente a série teria outro tom, outro ritmo, talvez fosse até melhor com um tom mais investigativo e menos rolo compressor de capuz.
Tanto o incidente do primeiro filme dos Vingadores, onde alienígenas invadiram Nova Iorque, quanto a Hammer, empresa do vilão de Homem de Ferro 3, estão presentes constantemente e fazem a série movimentar diversas vezes.
Seja pela referência, seja pelo fornecimento de armas com material que algum alien deixou cair por ali. De novo, nada igual aos quadrinhos.
Sem café
Infelizmente nem tudo são flores em Luke Cage da Netflix, algumas falhas deixaram a série massante e… bem, vou me explicar primeiro. A nova trama que envolve Reva com o Dr. Burstein não se sustenta, os personagens são chatos e falhos, mas quem consegue ser pior mesmo é Kid Cascavel, o vilão é muito habilidoso mas chatíssimo.
A primeira impressão é de susto, mas logo fica tudo massante como um sermão de igreja que tenta furar seus olhos. A adaptação do “uniforme” do vilão ficou brega, ficou idêntico ao gibi mas colocá-lo como fonte de seu poder um super traje da Hammer fez até minha esposa torcer o bico. Destoou do restante das séries da Netflix, o que é muito triste. Shades, um coadjuvante da vilania, é melhor personagem do que ele (na série).
O último episódio do Luke Cage da Netflix é tão sofrível que ele termina quase na metade, preenchendo o tempo com besteiras, deixando a clara impressão de que estão querendo te enrolar.
Quando enviam Carl Lucas terminar sua sentença, mas não sem antes Luke Cage da Netflix tentar “tomar café” com mais uma garota que cruza seu caminho. É sério, o cara é o comedor do bairro, as que ele não trassa querem trassar ele, como a Clarie Temple que não tinha que se meter a besta.
Trilha sonora do Luke Cage da Netflix
Grande parte da história se passa na casa noturna Harlem’s Paradise, onde Boca de Algodão se esforça para manter grandes nomes da música por lá enquanto ele vende armas e drogas tranquilamente. Independente desta parte negativa a casa foi a desculpa perfeita da direção da série para incluir grandes nomes da música tocando no local.
A trilha original é toda de Adrian Younge e Ali Shaheed Muhammed, mas tem Method Man (ex Wu Tang Clan que faz uma ponta na série), A Tribe Clled Quest, Redman, Donald Byrd e até o modernoso Jidenna, tudo isso contribui para que este seja o ponto mais alto de uma série de ação baseada em quadrinhos, a música.
Outro fato interessante é que essa trilha está a venda também na versão em vinil que confesso, fiquei com vontade de ter.
Aqui você fica com a playlist da trilha sonora oficial de Luke Cage no Spotify.
Not So Sweet Christmas
A típica história contada para dar uma lição de moral, a mensagem é transmitida mas a história se perde entre tantos discursos e referências às condições que os negros norte americanos sofrem com o preconceito racial e social. Não me entenda mal, é preciso sim que existam heróis negros e que cutuquem estas questões sociais, não é disso que estou reclamando.
Estou reclamando é de tudo que está em volta do Luke Cage da Netflix, estou reclamando da narrativa, não da mensagem. Neste caso foi pobre e coloca Luke Cage como o pior lançamento até o momento da parceria entre Marvel e Netflix.
O que é uma pena e acaba colocando muito mais expectativas para o lançamento em Março de 2017 de Punho de Ferro… será que perderam o jeito de fazer a coisa?
Sei que Stan Lee está querendo se aposentar da vida publica mas poderiam aproveitar o cara só mais uma vez e faz o casamento do casal Luke Cage e Jessica Jones quando Matt Murdock tirá-lo da cadeia a tempo de Defenders hein?
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