Não fui convidado, não tentei ingresso de imprensa e – honestamente – não me interessei em ir ao que pode ser considerado maior eventos de games do Brasil. Em sua segunda edição, o evento teria recebido mais de 130 mil visitantes e teria contado com a participação de mais de 40 publishers e de 3 mil profissionais da indústria de jogos… Mesmo assim a Gamescom Latam precisa mudar.
Um site que se tornou um grande veículo de imprensa que se tornou especialista em divulgar produtos, essa é a história do Omelete Company e dos eventos CCXP, o Anime Friends e diversos outros eventos e veículos de imprensa. Não por acaso todos eles são especialistas em vender produtos que eu e você desejamos em comprar.
Não faço parte do público-alvo desses eventos já faz algum tempo, sou velho demais e ranzinza demais para consumir o que eles vendem sem um olhar mais crítico… Esse tipo de visão normalmente atrapalha os lucros de anunciantes e veículos.
Obviamente ainda consumo cultura pop e games de todos os tipos, mas uma CCXP para pegar fila para comprar itens superfaturados foi o suficiente para mim. Meus anos de Anime Friends se encerraram mais de uma década atrás.
Como disse logo no início não me interesso mais nesse tipo de evento, mas me interesso muito pelo mercado de games brasileiro e, sempre que posso, tento incentivar e compartilhar o que jogo… Menos Unsighted, sou muito ruim nele e ainda não consegui fazer muita coisa sem passar vergonha (mesmo com os ótimos recursos de acessibilidade). 😉
Somos um veículo pequeno e entendo que a maioria dos desenvolvedores não se atenha em divulgar seu produto aqui… Em contrapartida confesso que não é sempre que estou disposto a pagar por algum jogo apenas para divulgá-lo. De resto gostamos de apontar os problemas de empresas bilionárias e a falta de incentivo para os pequenos.
Por isso mesmo nos dispusemos para divulgar games como Monster Meals, denunciamos a piada do Zeenix, apoiamos o Brazil Indie Showcase, comentamos sobre o jogo Missão Verde-Oliva, além de divulgar o Pacotão Solidário em prol das vítimas de catástrofes climáticas no Rio Grande do Sul em 2024 e o Marco Legal dos Games no Brasil. Sim, eu sei, ainda é pouco.
Aí tomo conhecimento de números da Gamescom Latam divulgados pela GDU – Game Devs Unidos com dados do Diário Oficial da Prefeitura de São Paulo onde se aponta que o evento teve parte de seus custos bancada por editais e orçamento governamental. O total do orçamento passa dos R$ 22 milhões.
O que me faz pensar quanto à boa utilização de dinheiro público para um evento que cobrava caro para se entrar, tinha comida cara no local e ainda deixava os expositores brasileiros independentes até sem cadeira! Sem mencionar que a Abragames banca influenciadores de fora do país para vir ao evento.
Não surpreendentemente o Controles Voadores mais uma vez tomou à frente e divulgou uma carta coletiva com mais de 200 signatários da indústria de games brasileira. Trazendo reinvindicações e trazendo exemplos ao redor do mundo a carta mostra o quanto um evento que pretende divulgar o trabalho nacional pode realmente ajudar.
A Gamescom Latam precisa mudar definitivamente… Mas o cerne da questão pode ser muito maior do que vemos, afinal há dinheiro público e privado em um investimento que deveria apoiar o mercado brasileiro, não só Pokémon Go.
Eventos menores (o Firma Gamedev, por exemplo) precisam ser mais valorizados… Quem sabe se a captação de dinheiro público deixasse de lado esses eventos gigantes e focassem no local?
Muitas questões, mas o problema é sempre o mesmo…
