Enquanto nos EUA a rede de TV CBS “implementa” um “árbitro da verdade” do governo, para garantir que os jornalistas não critiquem esta Administração ou expressem opiniões que entrem em “conflito com sua agenda” – por aqui a prefeitura de São Paulo resolveu se antecipar na cartilha da censura. O alvo? A Festa Literária Pirata das Editoras Independentes, a FLIPEI, que ousou colocar na pauta algo que incomoda governos, lobbies milionários e as Big Techs que adoram “moderar” conteúdo: a Palestina.
A prefeitura paulistana, sob comando de Ricardo Nunes (MDB), cancelou de última hora o evento da FLIPEI na Praça das Artes, alegando que “bens públicos não podem ser usados para eventos de cunho político”. Uma justificativa que faria rir, se não fosse o mesmo governo que já usou o Teatro Municipal para homenagear Michelle Bolsonaro. Mas como é extrema-direita, claro, não tinha problema nenhum de “neutralidade”. Homenagear esposa de golpista e algo comum no Brasil.

A verdade é que a FLIPEI é tudo o que o poder teme: editoras independentes, autores e autoras que não estão no circuito das grandes corporações, debates que não pedem bênção para patrocinador. É um espaço para falar de política, gênero, raça e classe sem pedir licença para algoritmo ou patrocinador. Por isso é que big techs (de bilionários) e governos de direita se incomodam: é imprevisível, não é monetizável e, pior, é coletivo.
Nos EUA, o perigo está num governo dizendo oficialmente quem pode falar- e até tenta fazer isso com outros países. No Brasil temos os falsos patriotas, que batem continência para a bandeira dos EUA e usam bonés do MAGA, na prefeitura de São Paulo os lobistas ganham tudo o que querem: parques e até bets patrocinando eventos públicos. Mas o efeito é o mesmo sempre: silenciamento das vozes que desafiam a os poderosos. É preciso lutar contra a extrema-direita internacional e suas maquinações perversas.
E é aí que entra a importância de lutar pela FLIPEI. Não é só uma festa literária, é um ato de resistência contra a normalização da censura: seja ela feita no gabinete do prefeito, no escritório de lobby em Brasília ou na sala de moderação do Facebook. O jeito mais simples de resistir? Comparecer, participar, encher as mesas, comprar livros e mostrar que nenhum corte de microfone, nenhuma remoção de post ou mudança de endereço vai calar quem tem algo a lutar.
Porque se eles decidem o que é verdade, a gente não vai poder escolher muita coisa em breve.
A FLIPEI 2025 ocorre de 6 à 10 de Agosto na Alameda Eduardo Prado e na Rua Treze de Maio em São Paulo. Aqui você confere os locais e a programação completa do evento.