Como não se surpreender com Demolidor: Renascido? Nós podemos – e devemos – reclamar da bunda mole da Disney na hora de fazer roteiros. Seu modelo enlatado já passou do ponto e, ao herdar o legado da Netflix nas séries de seus personagens, havia muito medo da coisa desandar. Para a alegria dos fãs a coisa foi muito melhor do que imaginava.
A seguir spoilers mínimos da primeira temporada de Demolidor: Renascido serão comentados.
Imagine-se em uma montanha russa, mas que começa com o carrinho no topo da maior montanha, do seu assento você pode ver o loop inicial mas não consegue saber como será o final. Logo no primeiro episódio fica claro que a série faz um amontoado de histórias do Demolidor.
A produção se baseou em diversos materiais. O “Prefeito Fisk” de Charles Soules Demolidor – Prefeito Fisk, a guerra ao sistema escrita por Chip Zdarsky Demolidor – Só Medo e o reinado do vermelho, Demolidor – Reinado do Demônio. Todas elas são razoavelmente recentes e com algo muito pertinente e extremamente atual: política. A ascensão ao poder do Fisk à Prefeitura de Nova Iorque e as consequências da extrema-direita naquele mundo são iguais ao do mundo real. Literalmente algumas histórias não estão só no gibi.
Os eventos da série não apontam o dedo para nenhum político ou nenhum absurdo da extrema-direita mundial em específico, mas é impossível não ver similaridades nas atitudes de Fisk com o seu extremista local.
Tudo se encontra uma trama embolada e até parada demais em alguns momentos. Cortes daquela realidade mostradas como se fosse uma reportagem ou documentário sempre acontecem e me parecem ser apenas algo para “encher linguiça”, para preparar o público para o próximo twist. E sim, são diversos twists também, mas posso apontar como isso uma calmaria desnecessária. Mas, como toda montanha russa, é preciso que existam os pontos baixos para que se possa seguir para mais alto.



A escalada até o último episódio é complicada, confesso que quase desisti em alguns momentos – afinal ninguém me paga para assistir algo que não quero. Porém, o último episódio vale a pena todo o sacrifício. Tudo o que os fãs tinham medo de ter se perdido na Netflix a Disney entregou em uma bandeja bem ornada… Mas cheio de sangue
As ausências de Mulher Hulk e Eco me surpreenderam, mas Tigre Branco, Frank Castle e o pai da Kamala Khan fizeram bem seu papel. Espadachim também aparece, mas só quem se importa com a série do Gavião Arqueiro irá notar isso. Aliás, o momento em que Frank Castle chama seus fãs de palhaços é algo que precisamos distribuir pela internet o mais rápido possível (libera aí Disney).
Junto. Os fracos. Os fortes. Todos nós. Resistir. Rebelar-se. Reconstruir. Seria a cor do Demolidor vermelha por conta do comunismo?
A segunda temporada de Demolidor: Renascido já tem lançamento previsto para Março de 2026 na Disney Plus.