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Democracia e um cafezinho

Democracia e um cafezinho, por favor?

Existem mais coisas entre o céu e a terra do que nossa vã filosofia nunca foi uma frase tão assertiva. Por razões que um dia irei detalhar aqui no Blog, iniciei em 2014 uma jornada solitária de combate à extrema-direita e à desinformação que, naquela época, ainda chamávamos pela alcunha de MENTIRAS. 

De forma anônima atuei no Twitter por alguns anos até ter, em definitivo, um perfil pessoal com a minha foto, nome e uma bio que informa muito bem o que eu sou: uma bagunça que caminha por aí.

Com os anos fui conhecendo outras pessoas que atuavam de forma discreta nas redes, outras de forma mais efusiva, algumas mostrando rosto e outras anonimamente. Fui acolhida em uma rede de proteção e combate ao discurso de ódio e ao caos que foi gerado após as eleições 2018. Conheci pessoas incríveis, fiz trocas importantes, aprendi muito e pude também transmitir meus conhecimentos para esses grupos.

Nesse ínterim de combater a extrema-direita e todo mal causado por ela, acabei sendo reconhecida pelo meu trabalho. Nem todo mundo sabe as coisas que eu faço, talvez nunca saibam ao certo onde eu estive, com quem e em que momentos dos quatro anos de governo Bolsonaro me fiz presente na luta.

Mas o fato é: mesmo que boa parte do que eu faça seja “trabalho de bastidor” acabei indo parar em uma reunião de influenciadores no Palácio do Planalto. Longe de me gabar de alguma coisa, mas pude sentar no Salão Supremo e tomar um suco enquanto ouvia a primeira-dama, Janja da Silva, falar sobre a importância do trabalho dos influenciadores em seus diferentes nichos e escalas. 

Entre um pão de queijo e uma fatia de bolo, ouvi pessoas que fazem a comunicação  acontecer nos pedindo para seguirmos juntos pela democracia e contra as fake news. Ouvi influenciadores, que jamais imaginei estarem na mesma sala que eu algum dia, sugerindo novas formas de se comunicar em diferentes espaços: no teatro, no cinema, nas redes sociais e nos mensageiros instantâneos.

Em momento algum houve pedidos de campanhas, para comparar governos ou mesmo deliberações de como e quando deveríamos atuar. Era um pedido de ajuda, não uma imposição. Não havia ali pedido de adesão ao partido ou mesmo de apologia para qualquer político. 

O presidente da República chegou na sala perto das 18 horas e não pediu afagos. Ele agradeceu, pediu ajuda para mantermos nossa democracia em pé, para combater a desinformação, para espalhar a paz após tantos discursos de ódio propagados e tanto horror vivenciado. Mas ele não pediu agrados, nem acenos. Lula em momento algum pediu apoio para si, mas pediu críticas. 

O encontro com influenciadores foi sobre democracia, não sobre política partidária. 

E mesmo que do outro lado as pessoas não acreditem: todos os convidados presentes foram com recursos próprios. Não recebemos passagens, não fomos hospedados pela Janja e nem um voucher de aplicativos de comida ou de transporte chegou no nosso e-mail. 

Estávamos lá pela democracia, apenas por ela.

Por Paola Costa

Professora, podcaster e palpiteira. Só falo de temas aleatórios, não reparem a bagunça (ou reparem).

Uma resposta em “Democracia e um cafezinho”

Gostei do relato, mas impliquei com o penúltimo parágrafo (E mesmo que do outro lado as pessoas não acreditem: todos os convidados presentes foram com recursos próprios. Não recebemos passagens,(…))

Não que a lógica e a ética não estejam erradas aí, pelo contrário – lisura e transparecia são partes da democracia.

O mal aqui é que Brasília é distante, caro para chegar. Imagino os influenciadores que não tinham condições (que provavelmente conseguiram via vaquinha ou doações vizinhas ou até carona).

Acho que esta situação seria uma concessão relevante. Ir para um lugar requer recursos, e muitas vezes o custo é inviável, com isso até eliminando possíveis pessoas midiáticas que estão começando e não tinham condições.

(A sensação também é que a frase soa como “tais influenciadores tiveram condições financeiras”, que tá um pezinho na pedancia…).

Enfim.Desabafos a parte.

E bom ver realmente esta relação do governo atual com todas as formas de comunicação existentes. Torço por uma maior democratização e combate a concentração midiática, hoje ainda nas mãos de empresários de longa data – no caso das emissoras de TV e Rádio; e no investimento estrangeiro, isso falando de algumas redes sociais predominantes e tecnologias de serviços para quem tenta a carreira na comunicação, com um site, podcast ou o que for.

Este tipo de atitude mostra o que o governo se propõe – clareza e transparencia. E que continuemos assim de todas as partes. E que comunicadores como voce e muitos outros ganhem mais relevancia e com isso mais capilaridade para atender uma audiencia que espera por vozes que as entendam.

Tudo de bom e perdão o incomodo nos comentários.

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