Como arruinar a boa reputação da Blizzard em rápidas lições – da própria Blizzard!
Tenho me protegido em meu bunker em um ilha deserta e por isso estou isolado nos últimos dias. Mas meismo daqui dá para ver como arruinar a boa reputação da Blizzard tem sido prioridade da produtora de games.
A empresa passou de “a favorita” dos gamers para um local estranho e bem próximo de empresas como a Eletronic Arts. Os motivos são diversos e alguns até noticiámos por aqui, mas óbvio que a coisa tinha que piorar. Os protestos em Hong Kong e a censura instaurada aos jogadores e streamers em evento oficial de Hearthstone me assustou.
Gosto de usar o termo “cavando a própria cova”, os seres humanos simplesmente amam fazer isso. E, obviamente, quanto mais dinheiro envolvido maior é o tamanho do buraco.
Acontece que a Blizzard não é mais a mesma empresa acolhedora de fãs do início. Seu estrondoso sucesso com World of Warcraft tornou a empresa um ninho de investidores sedentos por dinheiro – e dane-se o que a comunidade pensa ou deixa de pensar. Mas vamos com calma e por partes pois são várias as lições de como arruinar a boa reputação da Blizzard sortidas e delicadas.
Censurar não é ser neutro – ou Blizzard vs Hong Kong
Você deveria pelo menos saber que em Hong Kong estão rolando diversos protestos em prol da liberdade. Lá o governo está proibindo tudo, inclusive protestos… Não é surpresa na verdade pois viver sob o cerco ditatorial da China não deve ser algo fácil.
Enquanto aqui no Brasil o comunismo é uma piada lá naquela região é uma máquina de destruição da liberdade e direitos individuais. Aqui sempre somos a favor da liberdade, então assumimos o nosso apoio à causa. Mas não são todos que pensam dessa forma, não é Blizzard?
E a primeira lição de como arruinar a boa reputação da Blizzard é a de banir um jogador profissional de Hearthstone por apoiar os protestos de Hong Kong. Obviamente quem apoia a liberdade não poderia ficar calado quando se obtém destaque em alguma mídia. Mas a Blizzard não concorda com isso.
Segundo a própria empresa o seu lema interno é Think Globally, Lead Responsibly e Every Voice Matters – traduzindo livremente como Pensar Globalmente, Liderar com Responsabilidade e Toda Voz Importa. Heh.
Pelo visto toda voz importa mas nem toda voz pode ser ouvida, não é mesmo? Chung Ng Wai, ou Blitzchung para os íntimos, foi banido por expressar sua opinião e a luta pela liberdade de Hong Kong. Em um texto longo e extremamente hipócrita de J. Allen Brack, presidente da Blizzard Entertainment, deixou claro que a empresa não quer nenhum tipo de manifestação política em suas transmissões.
Overwatch, World of Warcraft, Starcraft, praticamente todos os jogos da Blizzard tem uma briga política de alguma forma. A maioria delas acabam se transformando em guerras que você precisa pagar para jogar inclusive. Alguns te obrigam a jogar com vilões, cometer atrocidades e… Bem, é só um jogo, e no jogo pode.
Inspirar pessoas para fazer o bem, o principal e mais importante que uma empresa poderia fazer apesar dos interesses econômicos, não pode. Games não são neutros em uma luta, nem na ficção, nem no mundo real. Agora apoiadores pipocam em todos os lugares, contra Hong Kong e contra a Blizzard que só faz o que todo sistema autoritário consegue fazer: censura.
Vamos ver como será a Blizzcon 2019 nesse clima, protestos já foram organizados e é certo que ocorrerão. Em Taiwan um evento comemorando os 15 anos de World of Warcraft foi cancelado sem maiores explicações e no post do Facebook os fãs mostraram que entenderam o recado da Blizzard.
Enquanto isso até o senado americano se envolveu na história pedindo a suspensão do banimento do jogador. E para deixar tudo bem mais bonito o campeão do Masters Tour “quebrou” troféu.
Mei de Overwatch censurada
E por falar em inspiração, uma personagem de Overwatch parece apoiar os protestos por liberdade em Hong Kong. Mei é uma climatologista chinesa, e como uma boa cientista deve refutar o uso abusivo dos recursos naturais que sua pátria mãe faz em prol do desenvolvimento econômico.
Mas a Blizzard não pensa assim pelo visto. Após o caso do banimento do atleta que apoiou a liberdade de Hong Kong durante uma stream de Hearthstone a personagem Mei de Overwatch se tornou uma apoiadora do movimento. Pelo menos para os fãs (e olha que eu amava a Blizzard Store)
Mas infelizmente essa história ainda se complica. Na loja oficial da Blizzard foi removido sumariamente a estátua da Mei. Isso mesmo, você não consegue mais comprar a estátua da personagem chinesa.
O real motivo não é de conhecimento público mas especula-se que há algum tratado comercial entre a China e a Blizzard/Actvision que estão desesperadamente protegendo. Não basta o seu dinheiro, parece que a Blizzard quer a sua liberdade também.
Censura sobre o boicote (por conta de outra censura)
Apoiou gente que foi banida? Usou hashtag de boicote à Blizzard? TEJE SENSSURADO! E antes que pergunte, não, não tem nenhum membro da família real brasileira na presidência da Blizzard. Isso ocorreu em uma liga universitária nos EUA. Só de levantar uma plaquinha numa stream o time que apoia e liberdade de um povo foi banido de competições. Todas as vozes “que são convenientes” importam?
Arruinar a boa reputação da Blizzard é bem fácil e rápido pelo visto. E a Blizzard gosta disso, por isso até criaram o Gamers for Freedom e, adivinha só, o protesto acontecerá na Blizzcon 2019.
Overwatch no Switch (mas não na casa da Nintendo)
Inexplicavelmente o evento de lançamento de Overwatch para Switch foi cancelado na loja oficial da Nintendo em Nova Iorque. O motivo não foi dado mas como a comunidade chinesa na cidade é bem grande acho que eles ficaram com medo.
Imagine algumas dezenas de pessoas mascaradas na fila para jogar um game na loja na Nintendo? Má propaganda? Será? Para arruinar a boa reputação da Blizzard vale tudo, inclusive perder a oportunidade de um lançamento desses.
Guilda LGBT de World of Warcraft é obrigada a mudar de nome
World of Warcraft foi uma casa para mim por muito tempo e deveria ser assim para todos e todas. Joguei e gastei muito dinheiro com expansões, mensalidades e hoje, aqui em casa só o cachorro não tem uma conta do jogo. O problema foi tão bobo que irrita quem não está envolvido diretamente. A guilda Gay Boys foi abrigada a mudar de nome por “denúncias” de que o nome da guilda seria ofensivo. O bando de macho de masculinidade frágil até obtiveram uma vitória inicialmente mas em análise a Blizzard permitiu que o nome original fosse mantido.
Mas é preciso arruinar a boa reputação da Blizzard, não é mesmo? E aparentemente a empresa avisou que a guilda continuaria a receber denúncias por homofobia. A história é absurda e nomes absurdos são frequentes por Azeroth, mas desde que sejam aceitáveis por gente retrógrada. Esse povo não deve jogar de Soldado 76 ou Tracer em Overwatch.
Nada é original desde Warcraft III
Vamos falar algo meio complicado? World of Warcraft não tem um conteúdo original faz muito tempo. Warlord of Draenor, Legion e tantas outras expansões são versões requentadas de histórias e mecânicas já usadas. Jogar Pokémon que não é Pokémon também cansa né?
O retorno dos que nunca foram embora. E sabe o que é pior? Para arruinar a boa reputação da Blizzard a coisa ainda parece que vai piorar. E muito.
Inclusive World of Warcraft Classic só mostra a extrema falta de criatividade de uma equipe quando ela é praticamente obrigada a relançar a primeira versão de um game que é modificado a cada seis meses. Com certeza isso atraiu muitos jogadores antigos, mas quanto tempo isso irá durar?
Ah, esperaí que acabaram de liberar um Old God de novo, só que é velho.
Diablo 3.5 – O que é imortal…
Diablo Immortal, anunciado na Blizzcon 2018, foi um grande tiro no pé da produtora. Fãs revoltados e amargurados com a ausência de Diablo 4… Receber um jogo para celular em troca deve ter sido chocante e isso é um grande problema.
A empresa sabia exatamente o que os fãs queriam e mesmo assim preferiram um joguinho de celular.
Não posso dizer que sou o maior fã da franquia mas entendo a revolta de ter como novidade um joguinho de celular no lugar de um game completo.
Aumento nos preços das assinaturas
Algo que é proibitivo para a maioria das pessoas é o preço de um jogo. World of Warcraft no Brasil teve um aumento recentemente no valor de assinatura e, ao passos que dados oficiais não são divulgados, sabemos o que esperar.
O escapismo que os jogos nos oferecem é invejável para qualquer mídia, mas se esse escapismo pesar no bolso ele é facilmente cortado ou substituído. Hoje no mercado de games no Brasil as empresas não podem apenas transformar a moeda não resolve o problema do jogador. O valor da mensalidade deve ser localizado, deve levar em consideração a situação econômica do país.
E não, não estou falando que a Blizzard deva fazer uma obra de caridade para o povo brasileiro em Azeroth. Todos sabemos que o que vale é o lucro, mas se há o interesse de se manter a estrutura nacional algo pensando nos jogadores deve ser feito. A não ser que queiram imitar a Level Up Games, outra empresa supimpa.
Sim, eu escrevi supimpa.
Lançamento do World of Warcraft no Brasil foi péssimo (para a gente)
Essa história é velha mas a assessoria de imprensa da Blizzard no Brasil na época do lançamento de World of Warcraft pisou muito feio na bola conosco. Nem vou falar que “somos da mídia e blá blá blá“… Antes de qualquer coisa somos pessoas que merecem respeito de qualquer forma, mas somos fãs também.
Pagamos mensalidade e a Blizzard nunca pagou um pão de queijo para mim, então qual o motivo de tratarem mal seus fãs? Para o relato completo dessa treta da Blizzard com o Blog Farofeiros veja esse artigo velho. Até ganhamos uma camiseta e um mouse pad como “cala a boca”, mas não calou.
Muito mais de 10 lições para arruinar a boa reputação da Blizzard
Você já deve ter entendido que para arruinar a boa reputação da Blizzard é algo bem fácil e que a visão de “empresa bacana” é pura fachada para ter mais lucro. Pois agora segue uma enxurrada de informações tanto da Blizzard como de sua parceira Actvision.
A Actvision está sedenta por lucros cada vez maiores com as propriedades da Blizzard também. Caixas de itens e outros artifícios estão sempre em alta para a publisher. Isso sem falar que eles literalmente perderam Destiny 2.
Cortar os custos de produção e manter a qualidade é sempre o principal meio de obtenção de lucro fácil escolhido por grande executivos. Na Blizzard não é diferente. Isso depois de que as caixas de itens de Overwatch terem vendido 1 bilhão de dólares… Tudo em itens que não existem na vida real.
Contratar quem faz apologia à tortura para ajudar a fazer joguinhos também é algo que não pega bem, mas isso não é problema para a empresa. Dependendo da rede social esse cara não pode abrir a boca, mas tá tudo bem pois o passapanismo permite isso.
Processos de classe dos trabalhadores da Blizzard Actvision, demissão de mais de 700 funcionários, a morte enfática de Heroes of the Storm. Tudo isso e muito mais só mostra que a Blizzard é exatamente como qualquer outra empresa.
Então passa a grana e você (e eu) que se ferre.
10 respostas em “Como arruinar a boa reputação da Blizzard em 10 lições”
[…] Como arruinar a boa reputação da Blizzard em 10 lições […]
[…] é pelos fãs, mas sempre é pelo dinheiro. A reputação da Blizzard não é a mesma de anos atrás e esse evento deixou bem claro isso. A venda de “ingressos virtuais” é a […]
[…] O que está acontecendo em Hong Kong é, de diversas maneiras, uma situação complicada. Independente disso símbolos são sempre erguidos, e alguns desses símbolos são notórios da cultura pop. […]
[…] visto a Blizzard anda com pouco dinheiro no bolso. Pagar uma equipe de roteiristas para elaborar as diversas […]
[…] falado MMO que mataria o World Of Warcraft, só que esse jogo não existiu e nem vai existir pois a Blizzard tá enforcando ele. Na minha opinião o WoW vai matar o WoW, mas isso não acontecerá tão […]
[…] são poucas empresas grandes que tem coragem de identificar esses erros e corrigi-los, mas com o banimento de cartas racistas de Magic The Gathering a Wizards of the Coast se mostra […]
[…] sabe este seja um sinal para que a Blizzard lance uma versão free decente para World of Warcraft? Sempre tenho vontade de voltar a jogar algum […]
[…] podem ser as usadas em protestos, como os do Brasil em 2013 ou como os da Hong Kong em 2019. Máscaras são assunto também na série que continua os quadrinhos de Watchmen (mas do jeito […]
[…] O fim da boa reputação da Blizzard. […]
[…] que a culpa do assassinato seria a própria Blizzard. Ter ficado tanto tempo no topo pode trazer alguns problemas criativos e, como fica claro agora, administrativos e criminais… Mas este talvez seja um […]