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Breve cronologia do 8 de Janeiro

Confira uma breve cronologia do 8 de Janeiro de 2023.

Brasília, 08 de Janeiro de 2023, este é um dia para não ser esquecido. Uma semana após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, bolsonaristas realizaram o que é considerado o maior atentado contra a democracia da história recente do Brasil. Mais de 3,8 mil vândalos marcharam pela Esplanada dos Ministérios e invadiram as sedes dos Três Poderes (Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal). Por isso apresentamos essa breve cronologia do 8 de Janeiro de 2023.

Os extremistas chegaram a Brasília em grandes grupos, se concentraram em frente ao Quartel General do Exército e receberam de seus financiadores toda estrutura necessária: barracas, banheiros químicos, cozinhas móveis, redes, alimentos e água potável. Lá pediram por intervenção militar e não tiveram seu movimento contido.

O que intriga, até hoje, é que bolsonaristas iniciaram os acampamentos golpistas em frente aos quartéis ainda em outubro, logo após a derrota de Jair Messias Bolsonaro e nenhum medida foi tomada para que acampamentos fossem desmobilizados. A inação do governo Bolsonaro, que parecia se interessar pelo caos que acampamentos poderiam gerar, fez com que milhares de pessoas se organizassem a partir de grupos em aplicativos de mensagens.

Breve cronologia do 8 de Janeiro - BLOG FAROFEIROS

Naquele dia 08 de Janeiro, mais de 100 ônibus chegaram em Brasília. O fluxo de chegada de ônibus não foi contido, a organização da marcha com mais de 3 mil golpistas que já informaram que poderiam realizar atos de depredação patrimonial não foi contada. 

Por volta das 13h daquele dia, os golpistas marcharam em direção a  Esplanada dos Ministérios enquanto Anderson Torres (ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e agora Secretário de Segurança de Ibaneis Rocha no Distrito Federal) aproveitava suas férias nos Estados Unidos. Para Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal, a situação era controlada e os manifestantes eram pacíficos… enquanto isso a Agência Brasileira de Inteligência emitia alertas sobre discursos inflamados. 

Por volta das 14h30min, os golpistas chegaram à Esplanada e não encontraram dificuldades com os policiais do Distrito Federal. Ao contrário do que deveria ter ocorrido (pois a PMDF deveria ter revistado os manifestantes) os policiais tiraram fotos com os golpistas, os escoltaram, riram e alguns ajudaram a remover gradis que poderiam ter contido o efeito manada em direção aos prédios. 

Após furarem os dois supostos bloqueios, os bolsonaristas se dividiram: um grupo foi para o Congresso Nacional, outros para o STF e um terceiro para o Palácio do Planalto.

No Congresso Nacional a polícia legislativa tentou conter os vândalos, mas não conseguiu fazer com que os presentes ganhos de líderes internacionais e contavam a história diplomática do Brasil fossem destruídos ou furtados. No Salão Verde eles chegam a iniciar um incêndio, que foi contido antes que algo ainda pior pudesse ocorrer.  

O grupo que chega ao STF tenta entrar no gabinete dos ministros, mas são retidos. No entanto chegam aos armários onde ficam as togas e removem as portas, usam as togas e caminham com elas pelos corredores, retiram as cadeiras que eram patrimônio histórico e os jogam do lado de fora, pixam a estátua da Justiça em frente ao prédio e quebram os vidros da fachada.

No Palácio do Planalto, os golpistas vandalizaram obras de arte de valor inestimável, invadiram o gabinete da primeira-dama e furtaram objetos, tentaram entrar no gabinete do Presidente da República, mas acabaram não obtendo êxito. Todos os vidros da fachada foram quebrados. O painel “As Mulatas” de DiCavalcanti foi perfurado, um remédio do século XVII foi completamente destruído e não ficará como antes mesmo com trabalho árduo dos restauradores. 

Os reforços para as Forças de Segurança dos prédios só chegaram próximo as 17h. No Palácio do Planalto, ao verem os policiais, muitos manifestantes se ajoelharam e começaram a rezar e cantar o Hino Nacional. A resposta dos policiais, para desespero dos bolsonaristas, foi dar voz de prisão aos vândalos. 

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Após todo vandalismo e árdua tarefa da Polícia Legislativa e da Polícia Judiciária de tentar manter os vândalos longe de gabinetes e outros espaços que continham materiais como projetos de lei, documentos sigilosos e os computadores onde parlamentares e monstros trabalhavam, Ibaneis Rocha decide tomar alguma medida: demite o secretário de Segurança Anderson Torres; No entanto, Ibaneis acaba afastado do governo do Distrito Federal (retornando ao cargo poucos dias depois dos eventos).

Lula, que estava visitando áreas que haviam sido atingidas por fortes chuvas no interior de São Paulo, deu ordem para intervenção federal e nomeia Ricardo Cappelli para o trabalho. Militares e alguns políticos ainda tentam convencer Lula a instaurar GLO (Garantia da Lei e da Ordem) dando às Forças Armadas o poder de intervir no Distrito Federal. Nos bastidores, afirmam que a primeira-dama, Janja da Silva, afirmou categoricamente ao presidente “GLO não! GLO é golpe! É golpe!”. 

Janja estava certa: a GLO era o que alguns militares queriam para ter uma justificativa para colocar um golpe de Estado em curso, a capital do país estaria nas mãos deles.

Por Paola Costa

Professora, podcaster e palpiteira. Só falo de temas aleatórios, não reparem a bagunça (ou reparem).

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