Um desabafo sobre a Síndrome Impostor.
Sabe quando você olha ao seu redor e sente seu trabalho ser deslegitimado? Como se as pessoas ao seu redor pensassem: “Será que ela é boa mesmo no que faz?” ou “Não vamos dar a ela essa oportunidade porque ela não tem essa habilidade.”
Essa é a sensação que tem permeado meus últimos dias desde uma notícia, digamos, um tanto incômoda para quem produz conteúdo para a internet há tantos anos. É como se eu estivesse entrando novamente em um looping para ter que me provar, mas ser insuficiente.
E aí, com essas sensações, chega aquilo que alguns chamam de Síndrome do Impostor. Um sentimento estranho de que eu não mereço as coisas que conquistei, os amigos que fiz no caminho, os seguidores que estão ali nas minhas redes dando apoio para – quase – tudo o que faço.
Por mais que pessoas próximas digam que tenho determinadas habilidades e que é nítido que conseguiria chegar mais longe se demonstrasse meu conhecimento e usasse melhor minha capacidade de comunicação, estou naquele momento em que sinto estar enganando “a mim mesma”.
Será que me esforcei o suficiente? Será que realmente tenho essas habilidades? Será que, em algum momento, tudo o que faço será o bastante para que certas oportunidades apareçam ou que meu nome seja considerado para determinados cargos, trabalhos e lugares?
Essa sensação aterrorizadora de estar me enganando – e, consequentemente, enganando quem está à minha volta – me deixa travada nos mais diferentes campos da criatividade. É impossível transcrever essa sensação da forma mais adequada e, talvez, este texto escrito agora seja um grande erro e parece desconexo.
Mas, antes que comece a me sabotar novamente ou pare de redigir essas frases soltas que estão pairando nos meus pensamentos, preciso dizer que todo esse sentimento ruim, que toma espaço, me deixa magoada, triste e decepcionada.
Uma mágoa das pessoas ao meu redor que parecem desprezar o que já construí até aqui enquanto comunicadora, porque não sou famosa o suficiente, não tenho seguidores suficientes ou não sou influente o suficiente.
Uma tristeza profunda de saber que, por mais que eu prove todos os dias as minhas competências e habilidades, nada disso será suficiente para ser chamada a ocupar determinados espaços. Espaços que não posso simplesmente tomar ou ocupar sem ser convidada a entrar.
E a decepção comigo, por esperar que, em algum momento, as coisas sejam mais fáceis e que haja algum reconhecimento pelo trabalho que faço nos diferentes lugares que ocupo.
E, seguindo com esses pensamentos desconexos transcritos em palavras, além de toda essa síndrome de impostor e as inúmeras dúvidas que pairam pela minha cabeça, vem a pergunta que me faço desde a adolescência: por que não há reconhecimento e, ao mesmo tempo, quando precisam da minha ajuda em algo, sou o primeiro nome que vem à mente?
Me causa muita estranheza que, desde sempre, seja a primeira a ser chamada para resolver um problema de comunicação quando surge, para organizar dados, para escrever textos, para convocar pessoas a se unirem em torno de uma causa. Ao mesmo tempo, quando é para que meu nome seja divulgado, para que meu trabalho seja apresentado, parecem querer esconder.
Enfim… talvez espere demais das pessoas ao meu redor ou seja realmente um pouco inocente por esperar portas e janelas abrirem, talvez tudo o que fiz tenha sido apenas obrigação.
Desculpem as frases desconexas, mas foi mais um desabafo necessário neste momento.
Vou seguir aqui lutando contra essa maré de dúvidas e inseguranças que me pegaram nos últimos dias e tentar encontrar outros espaços no mundo.