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Repensar as cidades – Rio Grande do Sul em reconstrução

Repensar as cidades é preciso, mas como?

A tragédia traz a reflexão sobre a necessidade de planejamento de uso do solo, urbano e rural, considerando características físico-naturais e demográficas. É preciso repensar as cidades para a reconstrução do Rio Grande do Sul.

Não existe reconstrução do estado sem identificar características da geografia física dos nossos municípios, sem considerar vales de inundação, solos arenosos do sudoeste, a presença dos biomas que precisam ser preservados ou explorados de forma sustentável. Não há reestruturação das cidades sem que se reflita sobre reflorestamento das matas ciliares, remoção de comunidades de áreas de encostas frágeis e passíveis de deslizamentos com encharcamento do solo. 

Ao mesmo tempo, é preciso identificar as características demográficas. Aqui não falo de números brutos da população ou das taxas de adensamento populacional preconizadas pela grande mídia. Falo dos dados socioeconômicos que apontam que, em sua maioria, os atingidos foram grupos majoritariamente pobres. 

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É preciso rever as estruturas sociais que fazem essas pessoas habitarem esses espaços. 

Também é necessário analisar recortes de gênero e raça. Esses recortes são fundamentais para entender o perfil desses espaços e como alguns locais são representativos para a cultura, a memória e a história desses grupos. 

O Rio Grande do Sul perdeu muito de seu patrimônio histórico material – e não podemos perder também o imaterial. É preciso uma condução sensível que compreenda uma recusa inicial das mudanças/transformações dos espaços. Impreterivelmente é preciso entender que as comunidades tem seus territórios e territorialidades. 

Contratar engenheiros e arquitetos para produzir esboços frios de novas cidades ou bairros não trará transformação que o Rio Grande do Sul precisa. Não dá pra dissociar a forma como as comunidades se sentem no lugar, os sentimentos, as relações históricas, suas memórias.

Por Paola Costa

Professora, podcaster e palpiteira. Só falo de temas aleatórios, não reparem a bagunça (ou reparem).

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