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Premonição – Laços de Sangue | A Última Dança da Morte

A franquia Premonição pediu a última dança e entregou um encerramento matador. São cento e dez minutos enxutos que costuram vinte e cinco anos de carnificina num laço coerente, emotivo e ainda cheio de humor negro. Tudo começa quando Iris Campbell prevê a queda de um “Space Needle genérico” em 1968, salva a galera inteira e joga a Dona Morte num corre eterno atrás do prejuízo. Sacar que todos os filmes anteriores são reverberações dessa primeira ruptura é simplesmente genial; tem fan-service gostoso (o infame caminhão de toras dá as caras) mas nunca parece reciclagem, porque Bloodlines anda com as próprias pernas serradas.

O roteiro se dá ao luxo de deixar os Campbell respirarem. As tretas familiares fazem o drama pulsar, então quando o destino cobre a fatura dói de verdade. Erik, coitado, é o ápice do nervoso: da cadeira de tatuagem ao tomógrafo, parece que o universo está pronto para triturar o cara a qualquer segundo. O suspense funciona porque a direção prefere causa e efeito a sustos gratuitos.

Tony Todd é puro ouro na despedida. Bludworth solta sua última filosofia sobre viver cada segundo enquanto o ator se despede da vida real e da franquia no mesmo take, e isso bate forte no coração de fã.

Aliás, no meu head-canon ideal existe uma cena pós-créditos: Todd sozinho no necrotério, plantão de madrugada. Ele ouve portinhas baterem, gavetas deslizam sozinhas, papéis voam pela corrente de ar gelada que nasce do nada. Ele levanta o rosto, encara a escuridão do corredor, sorri cansado e sussurra “você… finalmente nos encontramos…”. Tela preta, silêncio absoluto no cinema.

Premonição - Laços de Sangue - A Última Dança da Morte

[SPOILER INÍCIO] O clímax replica a morte mais icônica da série: o caminhão de toras volta para cobrar a conta e mata os protagonistas em sincronia. Nada de sobrevida milagrosa nem sequel bait. É o ponto final que a Dona Morte e a franquia mereciam. [SPOILER FIM]

A trilha sonora é um parque de diversões de humor macabro; clássicos como “Bad Moon Rising” tiram sarro das vítimas antes do golpe fatal. O único tropeço fica com o sangue CGI, um tom ketchup fluorescente que teria ganhado muito com próteses práticas. Nada que arranhe o resultado final.

Tem gore para quem curte gore, drama para quem curte drama e Premonição em estado puro para quem acompanhou desde 2000. Missão cumprida, caixão lacrado. Como na Danse Macabre de Camille Saint-Saëns, a morte tirou todos para dançar sua última música e concluiu o seu trabalho.

Por Stevens

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Falo de cinema lá no Letterboxd e no Farofeiros
E falo de política lá no Camarote da República

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