Uma ONG gamer – com projetos que supostamente beneficiam a comunidade de jogos eletrônicos – que afirma atender milhões de jovens com projetos virou alvo de investigação após denúncias. Supostamente é um caso de uso irregular de emendas parlamentares, aquelas onde deputados e senadores acumulam R$50 bilhões para investir no que bem entenderem.
O caso envolve repasses de Fred Linhares (Republicanos-DF), Bia Kicis (PL-DF), Julio Cesar (Republicanos), além de Izalci Lucas (PL-DF) – ligados ao centrão ou extrema-direita – e somam mais de R$ 53 milhões. O caso agora é alvo de análise no Supremo Tribunal Federal (STF). O total suspenso até o momento chega a R$ 37,9 milhões, sendo que cerca de R$ 8 milhões já havia sido liberada antes da apuração.
Estes recursos teriam sido usados para um evento “gamer” chamado JEDIS (se lê jê diz, não jê dáis), Programa de Jogos Educacionais Digitais… Que, de alguma maneira o curso gratuito para os participantes ofereceria “aulas” de jogos como LoL, Valorant e Free Fire junto de cursos profissionalizantes. O evento ocorreu em 14 de Outubro de 2024 no Sesc Setor Comercial Sul (Distrito Federal) segundo informações obtivas em rede social.
O ministro Flávio Dino, do STF, solicitou que a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Congresso Nacional expliquem a liberação desses recursos públicos. A ONG em questão, Associação Moriá, teria recebido os valores sem comprovar capacidade técnica ou estrutura adequada para execução dos projetos.
Os problemas da ONG gamer
As denúncias, reveladas por veículos como Metrópoles e G1, apontam uma série de inconsistências graves:
- Número irreal de beneficiados: a entidade declarou atender 3,5 milhões de jovens em Anápolis (GO), cidade com apenas 398 mil habitantes. A matemática simplesmente não fecha.
- Endereço fantasma: a sede registrada da ONG não corresponde a nenhuma estrutura funcional da entidade.
- Equipe sem formação técnica: o presidente é um ex-cabo do Exército, o diretor financeiro é motorista e a diretora operacional é esteticista.
- Parcerias inexistentes: a ONG afirmou contar com apoio da Secretaria de Educação do DF para seus projetos de “salas gamers”, mas a secretaria negou qualquer envolvimento.
STF modo HARD
O caso da ONG gamer e outras investigações semelhantes nos alerta sobre o uso indevido de emendas parlamentares para financiar entidades com pouca ou nenhuma capacidade real de execução. O STF agora atua para exigir transparência, rastreabilidade e critérios técnicos nos projetos que envolvem dinheiro público. Mais do que razoável em se tratando de administração pública e veementemente ignorada por
A ideia de levar tecnologia e cultura gamer gratuitamente para jovens é louvável. Mas em casos onde essa “bondade” é usada como fachada para desvio de verbas, o jogo muda de cara. A apuração segue no STF e, até que tudo seja esclarecido, os recursos estão suspensos.
Ainda é importante apontar que, para 46% dos brasileiros, deputados e senadores não deveriam receber as chamadas emendas parlamentares, recursos normalmente cooptados pelo centrão e extrema-direita, como apontado pelo Congresso Inimigo do Povo.ORG.