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O que é Pay to Win

Seu game favorito de todos os tempos da última semana pode ser Pay to Win – mesmo que você não acredite nisso.

Já faz uns anos que discuto na internet por conta do que é ou não um sistema Pay to Win, ou P2W. Todo tipo de gamer fica ofendido quando se aponta que seu game favorito tem um sistema que beneficia de alguma forma a vitória em troca de dinheiro.

O game pode ser grátis, legalzão por permite que você avance, de maneira sofrida e tortuosa, sem gastar dinheiro real. Isso é bacana, mas isso faz parte do sistema. É preciso um grupo grande que não gaste dinheiro real (ou que não gaste muito) para tornar os itens pagos mais desejados pela sua comunidade. O P2W não sobrevive sem o Free to Play.

Recentemente do meu artigo revivendo meu vício em Warframe tive que moderar muitos comentários de gente ofendida. Como o game favorito de tanta gente pode ter um sistema tão ganancioso?

Pay to Win é ruim?

Ser um game Pay to Win não é necessariamente algum ruim, afinal todo jogo tem que gerar algum tipo de receita para se manter e – literalmente – colocar o que comer na mesa de quem o desenvolve ou o administra. O problema são as táticas usadas que trazem benefício exagerados e torna a vida de quem não quer gastar dinheiro em microtransações bem complicada.

As Caixas de Itens são os grandes vilões do momento, onde você as compra e tem a chance de ganhar algo bom ou algo ruim. Descaradamente uma forma de jogo de azar, e sim, um jogo com Loot Boxes pode ser Pay to Win, como qualquer FIFA que você “dropa” os jogadores das caixas. A Eletronic Arts adora uma caixinha de itens em seus jogos.

Outra mentira que a internet inventou é a história do Pay to Boost – aparentemente um termo criado por brasileiros inclusive. Neste “sistema” você gasta dinheiro real para agilizar processos “se quiser”… Se não você tem que esperar três dias para seu boneco pronto ficar pronto e ainda rezar para ter espaço no seu inventário. Não tem espaço, você pode comprar, mas só se você quiser.

O “só se você quiser” é uma desculpa perigosa e – sinceramente – é bem falha, talvez apenas para justificar o gasto do jogador sem ficar com peso na consciência ou constrangido.

Mas se ele permite que você pague por armas, buffs, ou “economia de tempo”, meu amigo, teu game favorito é Pay to Win. Gastou dinheiro para ter moedinhas verdes e comprou algum benefício no jogo que não é cosmético ele é inevitavelmente Pague para Vencer.

Mas eu gosto do joguinho…

Calma, você não precisa deixar de jogar seu game favorito por ele ser Pay to Win. Não há problemas em se gastar dinheiro neste sistema, neste caso o problema é quando você gasta mais do que deveria. Mas o que pode atrapalhar a jogatina é quando a desenvolvedora utiliza práticas excessivamente predatórias para fazer o usuário (ou jogador) gastar cada vez mais dinheiro.

Hoje tais práticas predatórias são bem comuns em games para aparelhos móveis. Infelizmente não há uma conscientização das desenvolvedoras para agirem de maneira menos agressivas, afinal o lucro é extremamente alto. Como exemplo posso dar os que vi de perto, como os leilões absurdos de Ragnarok Mobile e, mais recentemente, como o Marvel Future Fight funciona.

Nenhum personagem é forte o suficiente para sobreviver até o próximo update que trará mais uma mecânica de gasto de materiais. O jogador terá que esperar muito (meses, talvez anos) para juntar o suficiente para ter um personagem (sim apenas um) que seja forte o suficiente como o do lançamento da última semana. Quer dizer, isso “só se você quiser” gastar dinheiro real com um game nocivo.

Sou bem controlado com esses gastos, admito. Talvez excessivamente zeloso com microtransações e DLCs. Mas sou “gamer” da época em que se vendia apenas o jogo completo, não uma versão faltando pedaços o tempo todo.

Todo mundo quer o item mais bonito ou mais raro de um jogo. E como dizer não a algo desse tipo gastando apenas R$ 100? As vezes a tática lembra a de um traficante de drogas que te dá uma dose grátis todos os dias, mas se você quiser mais vai ter que pagar. E nem regulamentação específica esse mercado milionário tem.

Minha recomendação? Se não consegue se afastar de games assim sem gastar dinheiro é melhor nem começar a jogar. As táticas de vendas uma hora ou outra vai nos pegar em cheio e o cartão de crédito vai até sorrir quando você fizer isso.

Por Rodrigo Castro

Debochado e inconveniente. Escritor, roteirista e designer de brincadeirinha.

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