Essa história não está no gibi.
Farofeiros, farofeiras e farofeires, rumando à terceira guerra mundial, com perseguição a políticas sociais, bilionários financiando fascismo e serviços de streaming querendo que você assista sua programação só em casa não achei que me assustaria com um tema que supostamente conheço. Em um grupo de amigos do FAROFEIROS a Beatriz Diniz mandou um link que literalmente não está no gibi.
Era uma matéria da BBC Brasil contando a história da revista Gibi, história que acreditava conhecer o suficiente. Porém foi só ali que descobri o teor racista do nome e da caracterização da revista. Recomendo demais a leitura de “Gibi, 85 anos: a história da revista de nome racista que se transformou em sinônimo de HQ no Brasil” escrito por Edison Veiga.
Já conhecia a história em quadrinhos, mas nunca tive curiosidade de ler a revista. A estereopatização do personagem principal me incomoda, inconscientemente eu sabia que havia algo errado e não me aproximei.
Ao ler a matéria da BBC fiquei enojado em saber de tal origem. Não sabia a origem da palavra, mas nunca pude imaginar que seria algo tão baixo e sujo criado por nossa sociedade. Também posso dizer que fiquei surpreso com a minha surpresa, olho o passado se repetir a todo momento e posso praticamente procurar links de casos racistas ocorridos hoje ainda. Pessoas ainda procuram por meu artigo falando do branqueamento do Mancha Solar no filme dos Novos Mutantes, elas também demonstram surpresa pelo caso e nunca terem “reparado” neste caso.
Sou radical aqui no blog: quando descubro que utilizei algum termo inapropriado vou atrás de todos, retroativamente caçando cada um deles e alterando ou até excluindo o conteúdo. Algumas coisas simplesmente não podem ser concertadas: infelizmente já utilizei termos racistas, misógenos e capacitistas o suficiente para querer literalmente mudar tudo. Neste caso, da palavra escrita em uma plataforma digital pode e deve ser alterada.
No mesmo grupo que mencionei perguntei quanto a utilização do termo hoje. Exemplos foram dados e foram tecidos diversos comentários. Busquei pela rede duas fontes que respeito quando o assunto são histórias em quadrinho. Consultei o UniversoHQ e Anne Quiangala do Preta, Nerd & Burning Hell. Ambos os site possuem o termo em algumas matérias, mesmo que não tenha identificado nenhum comentário específico quanto a origem do termo. Fiquei mais tranquilo quanto a utilização, mesmo por que ele é utilizado institucionalmente, como em “gibitecas” por exemplo.
Mesmo assim não me sinto mais tão a vontade de utilizar o termo que, para mim, era uma representação dessa arte mas em sua versão brasileira. No fim ficou mais para mais um exemplo de como nossa sociedade ainda precisa melhorar e que, por mais que o nerdola esperneie, até no nome há política nas histórias em quadrinhos.
Atualização 01/05/2024: Excelente vídeo do Meteoro pautado pelo Marcellus Vinícius sobe o assunto.
Pensamento do Dia
Apesar de tudo ainda sonho com um mundo sem Twitter.