Não consegui assistir Borat 2, por isso você precisa assistir.
Minha esposa e um amigo falaram muito que eu deveria ver o filme, mas não consegui assistir Borat 2… Pelo menos não inteiro, não do jeito tradicional – sem pular ou pausar por semanas. Os absurdos são inúmeros e minha vergonha alheia alcançou níveis que não sabia que existia. Não sei quantas vezes gritei “MEODEOLS DO CÉU” dei pause no vídeo e fui tomar um ar.
Ou sou apenas fraco para esse estilo de filme estrelado pelo jornalista Borat Margaret Sagdiyev, não sei. Ah, tem spoilers. Sim, não conto tudo do filme mas comento bastante coisa desta crônica da gringolândia de um cidadão que fala hebraico e fala que é o Cazaquistão.
Como não consegui assistir Borat 2 direito escrever esse texto foi muito difícil. De verdade. A vergonha alheia e a crítica à sociedade ocidental é exagerada, mas com personagens em situações reais. E sim, Borat 2 é terrível por ser extremamente real. Tive que parar o filme diversas vezes por simplesmente não suportar ver aquilo.
E veja bem, digo tudo isso como elogio, e ainda encorajo que – quem tiver coragem – assista. Como homem foi difícil de assistir, minha esposa teve muito mais estômago que eu, mas me avisou que eu ficaria agoniado em assistir.
Johnny o Macaco deveria ser o herói do filme, mas não, Borat precisa dar a própria filha (que comeu o macaco) para o vice-presidente norte-americano Michael Pence. Troca óbvia, não? O show de absurdos de Borat 2 é uma bela lambida na cara de qualquer conservador que presa pelos seus costumes retrógrados. Mas não sei avaliar ou comentar o momento em que o personagem dança com sua filha mostrando que estava menstruada.
O mundo é o Cazaquistão de Borat e a ironia de cada cena é uma crítica ao que vivemos hoje, e pleno século 21. Ainda mais se falando em um país de terceiro mundo onde se passa pano para estuprador no esporte e rico, sempre culpando a vítima pela violência. Vivemos em um estado de hipocrisia tão grande que nem Borat pensou em deixar sua filha de castigo caso fosse violentada como alguns “colunistas” brasileiros acreditam ser correto.
Eles podiam ter ido numa Comic Con qualquer.
Mas nada como Borat, fantasiado de Trump, sair correndo com sua filha nos ombros para entrega-la ao vice presidente dos EUA, Michael Pennis Pence, enquanto avisa que o país estava preparado para o COVID-19 (spoiler: não estava). Como não consegue fazer a entrega muda-se o plano para entregá-la para Rudolph Giuliani, mas antes vai à uma clínica estética para deixa-la “mais sexy”… E se transformar em uma jornalista patriota americana que acredita que o COVID-19 é um vírus fabricado pelo governo chinês.
A quarentena com dois dos maiores cientistas americanos é uma lição de como se combate demônios que bebem sangue de crianças. É verdade, eu vi isso no Facebook.
Não foi por acaso que não consegui assistir Borat 2 sem parar, a imagem que me vem é sempre do Didi tentando se matar. Óbvio que é culpa de algum meme que devo ter visto em alguma rede social que divulga pseudoverdades.
Sacha Baron Cohen e Maria Bakalova dão um banho de atuação e improviso de gosto duvidoso, mas seu talento é inegável. Nada que eu possa falar aqui será referente ao talento de ambos, na verdade nem quanto ao filme posso falar algo para desmerece-lo, é uma incrível crítica social… A questão é que eu não tenho estômago o suficiente para encarar tamanho retrato da realidade.
Borat 2 é uma obra necessária e extremamente atual, talvez por escancarar tanto a sociedade ocidental patriarcal e preconceituosa eu tenha tido dificuldades para assistir. Afinal, basta olhar ao redor para ver que a ignorância não tem classe endereço ou classe social.
Mesmo que ele tenha transmitido COVID-19 para Tom Hanks.
Na verdade verdadeira só tenho uma coisa para dizer sobre o filme: BORAT PLEASE COME TO BRAZIL AND LOVE US.