Farofeiros, farofeiras e farofeires, a série Handmaid Tale é uma ficção utópica onde o fascismo doma o Estado e torna a vida das pessoas. O Conto de Aia é um romance que mostra como anda a chamada teonomia totalitária fundamentalista cristã nos EUA. Pois é, a nossa realidade ficou muito Handmaid’s Tale.
Faz uns dias que vi o print do site POLITICO rodando pelo Bluesky, a notícia tinha como título “Estado diz aos funcionários para denunciarem uns aos outros por ‘preconceito anticristão’“. O que por si só já deveria causar uma ira na população, mas a coisa piora com uma declaração onde um funcionário declara que tudo se parece demais com Handmaid’s Tale. O governo imperial dos Estados Unidos do Norte está – literalmente – copiando a obra de Margaret Atwood sem pagar royalties.
A história da ficção de Atwood conta como um movimento fundamentalista cristão suspende a Constituição estadunidense sob o pretexto de “restaurar a ordem nacional”. O termo é muito bonito mas ele é utilizado no mundo real pela extrema direita tentar usurpar direitos e abolir penalidades de seus pares… Como podemos ver no “projeto” de anistia aos criminosos do 8 de Janeiro.

Na ficção os golpistas fundam a República de Gileade, onde os direitos humanos são aniquilados, mas as mulheres são as que mais sofrem: se tornam objetos que devem obedecer aos homens e nem ler elas podem. Hoje, no Brasil especificamente, tornou-se de conhecimento do grande público um “clube do bolinha” com cara de ceita, onde só homens ricos são aceitos – afinal seus rituais de superação são bem caros. No G1 há uma citação falando que a organização “É sobre uma transformação pra sua família, as esposas unidas daqui orando por eles e eles lá por nós e Deus no controle de tudo“. Nenhum dos homens mais ricos do mundo fez parte desse grupo.
Sim, tudo muito Handmaid’s Tale e não vejo que irá parar tão cedo. Ricos e poderosos continuam ficando mais ricos e poderosos. “se tornar o herói caçador” é o que alguns pregam enquanto tudo o que seria preciso para um mundo melhor é mais igualdade e melhor distribuição de renda. A desigualdade cria e permite que essa cultura do puro, do santo vivo, do homem ideal.
O interessante é que sempre a melhor versão de você mesmo é aquela vendida pela publicidade e que, consequentemente, pisou em cima de muitos outros para chegar nessa altura. O mais engraçado mesmo é que no mundo sempre existiram mais pessoas pisadas e menos pessoas no topo… E tem gente que paga R$ 81.000 para ser pisado.
Na cidade de São Paulo foi criada o Dia de Combate a Cristofobia mas não há o mesmo projeto para religiões de matriz africana. Projeto de lei original foi vetado pelo então prefeito Fernando Haddad em 2016.
Dizem que ao final trágico dessas distopias – ficcionais ou não – uma sociedade mais igualitária pode surgir contando com a restauração dos direitos plenos das mulheres e da liberdade de religião. Será que é por isso que esses homens precisam tanto de autoafirmação?
Enquanto o próximo texto não vem, já assistiu ao último Aperte o <F>?