Desde a aquisição do Twitter por Elon Musk, muitos usuários relataram a perda de engajamento orgânico e de entrega de suas publicações na rede do passarinho azul. Este problema também vem sendo enfrentado no Instagram, desde que o aplicativo foi adquirido por Mark Zuckerberg, em virtude das mudanças implementadas nas redes sociais e no algoritmo que reforçam certos aspectos já embutidos nas linhas de programação de cada uma delas.
Um efeito prático que todos têm vivenciado nas redes sociais é a propagação de discurso de ódio e Fake News sob a bandeira da liberdade de expressão. Não é necessário dissertar sobre o assunto, pois todos sabem quais foram as consequências no mundo real. Tanto que a UNESCO está debatendo em Paris uma proposta para regular o mundo digital por uma internet confiável, mas é preciso ir além e aprofundar a discussão sobre outros pontos igualmente importantes que afetam uma parcela significativa da população.
A perpetuação do racismo estrutural enraizado na sociedade também se reflete nas redes sociais. Muitos usuários relatam que conteúdos relacionados a pessoas brancas tendem a receber mais engajamento e visibilidade do que conteúdos produzidos por pessoas negras ou outras minorias raciais. Isso é evidente na seleção e apresentação de conteúdos pelos algoritmos das redes, bem como na forma como as interações sociais e culturais são reproduzidas nas plataformas.
Acrescente isso ao fato do universo virtual ser usado como um espaço fértil para a disseminação de discurso de ódio, preconceito e estereótipos raciais. Muitas vezes, esses conteúdos são compartilhados e reproduzidos por usuários que, influenciados novamente pelo discurso da “liberdade de expressão”, que, cá entre nós, sabemos que não é isso, mas são influenciados pelas normas culturais e sociais que permeiam a sociedade em geral, com consequências graves e duradouras para as pessoas que são alvo dessas práticas.
Para engrossar esse caldo, temos a desigualdade de gênero nas plataformas online, que censuram a exibição de mamilos femininos, mesmo em um contexto não sexual, mas permitem a exibição de glandes delineadas em shorts de nylon ou outros tipos de roupas íntimas masculinas. Isso é consequência do reflexo de uma cultura que sexualiza e objetifica o corpo feminino, enquanto o corpo masculino é considerado menos sexualizado e, portanto, menos censurável.
A censura dos mamilos femininos impede que as mulheres mostrem seus corpos sem a sexualização ou objetificação que frequentemente são associados a essas partes do corpo. Por outro lado, a permissão da exibição de órgãos genitais masculinos reforça a ideia equivocada de que os homens têm o direito de exibir seus corpos de maneiras que as mulheres não têm.
Redes sociais são um reflexo da sociedade. Por essa razão, não é surpreendente que a forma como as pessoas se comunicam e interagem nessas plataformas reflita as características da sociedade em que vivem. A presença de problemas como racismo, machismo, discriminação e desigualdade nas redes sociais é um reflexo direto desses mesmos problemas na sociedade em geral.
A criação de conteúdos em redes sociais envolve diversos aspectos, como o uso de smartphones modernos, músicas e filtros virais, hashtags específicas e técnicas de edição. Tudo isso, em conjunto com as linhas de programação do sistema matemático, determina não apenas a sua identidade nessas plataformas, mas também o que é necessário fazer para garantir a oportunidade de ter destaque sob o sol do metaverso digital.
É importante destacar que devemos nos preocupar não apenas com a segurança e o conteúdo publicado nas redes sociais, mas também com a entrega fraca de conteúdo criado por milhares de criadores iniciantes e intermediários que buscam visibilidade. Alguns querem alcançar o sucesso, enquanto outros buscam uma fonte de renda e outros são obrigados devido à sua profissão, como é o meu caso. Esses são alguns dos mais afetados pela perda de engajamento orgânico e pela limitada entrega de publicações
Além do algoritmo das redes sociais, que muitas vezes favorece conteúdos de contas com um grande número de seguidores, o que pode dificultar ainda mais a visibilidade do conteúdo dos criadores menores, estes muitas vezes não dispõem de recursos financeiros para investir em publicidade ou outros meios para aumentar a visibilidade de suas criações.
No entanto, existem estratégias que os criadores de conteúdo podem adotar para melhorar a sua visibilidade, como a criação de conteúdo de alta qualidade, o trabalho em parceria com outros criadores e o uso de hashtags relevantes para o seu nicho. As redes sociais também estão começando a desenvolver ferramentas para ajudar os criadores de conteúdo a crescer, como programas de parceria, ferramentas de monetização e programas de suporte aos criadores.
Contudo, é importante que as redes sociais e as empresas de tecnologia levem em consideração as necessidades dos criadores de conteúdo menores e trabalhem para garantir uma plataforma mais justa e equitativa para todos.
O criador de conteúdo que precisa trabalhar e pagar as contas e tem pouco tempo para criar conteúdo enfrenta desafios significativos no atual cenário das redes sociais. Se não há dinheiro disponível para investir, pode ser ainda mais desafiador aumentar a visibilidade nas redes sociais. No entanto, existem estratégias que podem ser adotadas para melhorar a visibilidade e o engajamento do conteúdo na plataforma.
Uma das estratégias para aumentar a visibilidade do conteúdo é investir em conteúdo de alta qualidade, que seja relevante para o nicho em questão e possa atrair a atenção dos seguidores. Além disso, é importante trabalhar em parceria com outros criadores, divulgando o conteúdo uns dos outros e aumentando a visibilidade de todos. Infelizmente, nem sempre essa estratégia é implementada na prática, pois muitos criadores maiores são impedidos por seus egos e acreditam que compartilhar seu público pode prejudicá-los.
É compreensível que criadores menores se sintam desanimados diante dos desafios de crescer nas redes sociais. O algoritmo das plataformas é desfavorável e é difícil competir com criadores que já possuem uma base sólida de seguidores e recursos financeiros. Isso pode afetar a autoestima, a criatividade e, muitas vezes, levar à desistência.
Comparar-se com outras pessoas pode ser uma armadilha perigosa. A vida de cada pessoa é única e as experiências e desafios que enfrentam são diferentes das de qualquer outra pessoa. Tentar medir-se contra os outros pode levar a uma percepção distorcida da realidade, e isso leva à inveja, à ansiedade e a sentimentos negativos em relação a si mesmo, e é uma armadilha bem perigosa pros ansiosinhos da Estrela, como esse que vos fala, então, o que fazer dentre tantos pontos negativos? Continuar produzindo com o que você tem, com o tempo que você tem, com as ferramentas que você dispõe!
O sucesso nas redes sociais leva tempo e esforço, e muitos criadores de conteúdo bem-sucedidos começaram com poucos seguidores e recursos limitados. Além disso, existem comunidades e grupos de apoio para criadores de conteúdo que podem ajudar, mas também cabe às plataformas repensar seus algoritmos de recomendação de conteúdo.
Atualmente, esses algoritmos favorecem os criadores de conteúdo com maior engajamento e seguidores, o que cria uma espécie de ciclo vicioso, onde os grandes continuam crescendo, enquanto os pequenos lutam para serem notados. Soa familiar? É preciso que essas plataformas criem mecanismos que permitam que todos tenham a mesma oportunidade de serem recomendados, independentemente do tamanho de sua base de seguidores.
Além disso, elas precisam ser mais incisivas na luta contra o racismo, machismo, LGBTQIA+fobia, discurso de ódio e fake news, pois é inaceitável que essas redes sejam usadas para espalhar o ódio e a desinformação, e é papel dessas plataformas garantir que isso não aconteça, caso contrário, que as mesmas sejam responsabilizadas por isso. Para isso, é necessário investir em tecnologias de detecção de conteúdo prejudicial, bem como em equipes de moderação e revisão de conteúdo, além de sua regulamentação.
Por fim, lembre-se: o valor do conteúdo não está necessariamente ligado à sua popularidade nas redes sociais. Se você é apaixonado pelo que faz e tem uma mensagem valiosa para compartilhar, seja ela crítica, divertida, reflexiva e/ou militante, continue produzindo conteúdo de qualidade, independentemente do seu tamanho ou engajamento nas redes sociais. É importante ser fiel aos seus princípios e crenças, mas sempre com responsabilidade e respeito pelas pessoas e pelos fatos, e não se comparar com outros criadores de conteúdo.
Acredite em si mesmo e no poder da sua voz, e você encontrará seu público e sua comunidade ao longo do tempo.