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História e o desenvolvimento da crise na esquerda

Conheça a história e o desenvolvimento da crise na esquerda.

Se Marx diagnosticou o funcionamento do capitalismo há 200 anos, 100 anos depois a esquerda se ergueu de forma vitoriosa com a revolução Russa e mais tarde a Cubana, Chinesa, Vietnimita, Laosiana, Koreana, Albanesa, e muita outras tentativas que foram frustradas pelo Imperialismo (o caráter máximo do capitalismo).

Se até um pouco depois da metade do século passado a classe trabalhadora, ainda UNIDA em diversos aspectos, mesmo não radicalizada, via nestes países e experiências alternativas para a vida cruel que as cercava em países precarizados, sobretudo os pobres.

A estratégia do Imperialismo foi fortalecer economicamente, dando qualidade de vida (Keynesianismo e a social democracia) para se contrapor ao extremo desenvolvimento humano e social que a URSS fornecia interna e externamente.

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De mais ou menos 1960 para cá as experiências socialistas iniciaram um processo de decadência e fragilidade que foram aproveitadas pelo imperialismo capitalista que, por sua vez, aprendeu muito bem como lidar com os sistemas econômicos alternativos: usou a máquina o Estado (sua maior força) para mobilizar pessoas interna e externamente para produção ideológica e bélica a fim de 

impor guerras sangrentas, estimulou a divisão de países através da xenofobia e do nazismo velado, criou meios de fracionar a classe trabalhadora em inúmeras frentes (de classe, renda, tipo de trabalho, duração do tempo de trabalho, perda de direitos, etc) além de muitas outras contradições de destruição da malha social vendidas como bem estar social.

A queda do Muro de Berlim e da URSS bem como os fracassos econômicos da China Comunista durante os anos 70 a 90 colocaram a alternativa comunista, vista como finalidade última da mobilização da classe trabalhadora desde 1900, como uma experiência negativa econômica e socialmente.

Não à toa neste mesmo período o modelo capitalista assumiu sua versão econômica mais sorrateira: o neoliberalismo. Com foco na brutal individualidade (desmembrando a mobilização de blocos da classe trabalhadora), no desmantelamento do Estado de Bem Estar Social (antes usado para impor uma alternativa temporária ao socialismo), na concentração de renda em oligopólios que atuam diretamente nas políticas econômicas de países do Cone Norte e do Sul até finalmente alcançarmos a perda de direitos trabalhistas conquistados com sangue durante o começo do século.

O neoliberalismo funciona de forma social, econômica e ideológica: o individualismo alinhado à falsa propaganda do “um dia o rico será você” minguou a adesão a movimentos sociais organizados jogando partidos revolucionários à margem da opinião pública, agora ideologizada pelo sonho da prosperidade que (contraditoriamente, claro) nunca esteve tão distante  – aqui cabe uma menção aos fãs e defensores de bilionários.

Sob este fenômeno, nos últimos 25 anos, apenas alguns países mazelados por décadas de exploração estrangeira tiveram algum sucesso político ao erguer líderes de centro esquerda. Nada radicalizados, com viés da já sucumbida social democracia europeia que jamais funcionaria sem a máquina imperialista e com forte apelo social por querer fazer o mínimo: acabar com a miséria do sistema econômico sem mudá-lo radicalmente.

Destes líderes, aqueles que tentaram romper com a lógica de produção do excesso que visa o lucro foram assassinados, presos ou tiveram seus países bombardeados por acusações moralistas ou de teor xenofóbico.

Hoje as esquerdas sofrem com a não mobilização social. Os líderes atuais, com medo ou eles próprios com falta de visão de uma alternativa não-capitalista, se contentam em jogar o jogo da “democracia” na expectativa de que o governo não seja sabotado por dentro e por fora a fim de ainda entregar o mínimo: menos miséria.

O grande problema desta estratégia, se é assim podemos chamá-la, é que o sistema capitalista independe de esquerda ou direita desde que este possa seguir funcionando. Se o trabalhador permanece oferecendo sua mão de obra em forma de mercadoria a troco de migalhas do lucro da produção (e da produção em si), não importa o governo. Se for pró sistema, melhor. Se for contra, não muda muito, para removê-lo ou domesticá-lo há ferramentas de sobra.

Para piorar, este mesmo sistema é falível de tempos em tempos. As margens de lucro são e serão SEMPRE decadentes com o passar do tempo. Após algum período de bonança, o capitalismo como um todo sempre entra em crise. Justamente nestes momentos de crise o capitalismo mais uma vez aciona a máquina estatal para salvar os grandes produtores, mesmo que isso leve o estado inteiro a uma guerra e extermínio interno ou externo vide o nazismo e os movimentos fascistas italiano, português, brasileiro, espanhol que ascenderam após a crise europeia da primeira guerra e da segunda guerra.

Hoje, após a crise de 2008 que solapou o “primeiro mundo”, o botão de emergência do capitalismo foi novamente acionado: temos novamente movimentos de extrema direita operando à sua volta sem perspectiva de decadência já que prosperam SEMPRE em momentos de crise. Se os números das economias não são mais tão ruins quanto há 12 anos, socialmente as pessoas seguem sentindo a crise em todas as partes do globo em menor ou maior grau. Os PIBs crescem, mas pouco. Indicadores fantasmagóricos de ideologizados apontam números de estabilidade (ainda que a inflação e os juros altos tenham vindo para ficar até mesmo nos EUA e na Europa). Mas o que se percebe é uma precarização de trabalhadores fortemente individualizados, baixo poder de compra, falta de terra e teto e pior na qualidade de vida. Se os números são bons eles são bons somente para os grandes capitalistas.


Nota do Editor: Este texto complementa e corrobora com o episódio #184 do Farofeiros Cast.

Por José Fernando

Comentarista político(?) no @CoisaBoaPodcast e farofeiro no @FarofeirosCast.

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