É, não tem jeito, tô cansado de colecionar.
Farofeiros, farofeiras e farofeires, chega uma hora em que a gente percebe que você não está mais guardando itens colecionáveis, mas sim amontoando quinquilharias, acumulando parcelas a pagar e confeccionando camadas de poeira. O que antes era considerado um hobby prazeroso se tornou uma mistura de obsessão e culpa… E agora eu posso dizer que estou muito cansado de colecionar.
E isso não vale só para gibis, bonecos, livros ou jogos: é sobre qualquer coisa que a gente acumula em 2025.
Nunca completei uma coleção, não tenho todas as edições de Heróis da TV pois comecei a colecionar X-Men, e depois Vingadores, e depois bonecos… Muitos bonecos. Esse vício se tornou literalmente uma bola de neve de plástico. Achar aquela edição rara em um sebo, conservar a embalagem de um boneco exclusivo, encontrar aquele jogo que quase ninguém nunca viu me motivou por muito tempo e isso cansa – além de ocupar muito espaço.
Já fiquei ansioso com pré-vendas esgotam em segundos, reedições luxuosas, gibis que prometem mostrar os verdadeiros vilões da história.
Enquanto isso as prateleiras estão no limite, os armários transbordam, as caixas se acumulam para todos os lados. Apesar de ter “carinho” pelos itens, não sei explicar o porquê de tanta tranqueira acumulada aqui em casa.
Não sou daquele tipo de pessoa que não lê tudo que compra, nem daqueles conserva caixas seladas porque o valor de revenda vai aumentar daqui uns anos. Joguei todas as caixas pardas dos meus Hot Toys no lixo sem remorso. Mas não me esqueço das caixas de jogos velhos que me desfiz por ocuparem muito espaço.
A realidade é que colecionar se tornou um custo muito maior do que só o do pago pela posse com um peso que não ouso calcular no meu bolso. Obviamente muita gente lucra com a armadilha da escassez artificial da falsa necessidade de possuir um boneco que vai ficar desbotado em três anos.
Não estou dizendo pra ninguém queimar sua coleção – se você quer se desfazer de tudo o que tem, doar é a melhor opção e não polui (ainda mais) o meio ambiente. Mas vale a pena refletir sobre o verdadeiro valor das coisas, aquilo que não está nos objetos, e sim em você e na sua memória.
Tenho bonecos que comprei em momentos marcantes da minha vida, outros itens ganhei de pessoas que amo, em situações engraçadas também. Querendo ou não memória dessas situações é importante também, mas isso não pode se transformar em acumulação.
Cansei de colecionar porque entendi que isso não tem fim. Sempre haverá o próximo lançamento, a próxima versão exclusiva, o item que completa a série. Cansei da sensação é de que nada é suficiente… Mas ainda sim fico olhando (e procurando) bonequinhos que ainda não tenho.
No fim das contas, o item mais valioso da coleção seja o espaço vazio. Pelo menos aqui não tem nenhum “árbitro da verdade” para falar que estou errado – como nos Estragos Unidos.
