Faz dias que estou ensaiando um discurso, mas sei que vai ser ruim de todo jeito.
Farofeiros, farofeiras e farofeires, faz três dias que recebi uma má notícia. Não tem como evitar, não tem como fugir e, a pior parte, é que preciso repassá-la para quem não entende o que está acontecendo… Por isso estou ensaiando um discurso que inevitavelmente irá ser triste.
A estratégia, pelo menos por enquanto, é tentar deixar tudo o mais lúdico possível. No entanto sei que não há uma maneira fácil de falar, haverá o vazio, haverá a saudade. E não há o que possa dizer ou fazer para mudar ou compensar isso.
Minha sinusite está atacada, meu rosto dói, o sono é escasso e o cansaço. Ligo a TV ou entro nas redes sociais e vejo gente aplaudindo assassinato de crianças. Manaus em uma situação absurda por conta do negacionismo climático enquanto ex-presidente passeia de helicóptero em cima de cidades alagadas.
Neste momento gostaria de estar enfiado de cabeça em um projeto ou editando um vídeo que estou mexendo já faz umas semanas, mas parece que nada anda. Contudo acho mesmo que gostaria se estar xingando algum jogo irritante que comprei por engano.
O mundo – e o meu mundinho – estão com tantos problemas que pensar em uma solução seria utópico demais.
E, no meio disso tudo, preciso escolher as palavras certas para que minha fala não piore uma situação que não tem como melhorar. Já mencionei o conceito de quando não é possível vencer é importante não perder, mesmo assim é difícil. Toda hora tentar não perder é difícil e cansativo, mas não temos opção a não ser continuar a remar.
Se preparar para algo que você sabe que será terrível é tenebroso, não tem como não sofrer por antecedência e nem tem como reverter o sofrimento.
Pausa.
Tive que parar esse texto enquanto ainda era um rascunho, com ou sem discurso ensaiado precisei achar palavras para dizer o que não queria. Todos os resultados poderiam ser piores ou melhores, mas não há como escolher, você apenas faz o que precisa ser feito.
Pensamento do Dia
Este Pensamento saiu desse jeito pois nem todo mundo vive em uma realidade paralela. E, se tivesse que escolher, ficaria com o real.
