O criador sem conteúdo insiste em criar conteúdo.
Farofeiros, farofeires e farofeiras, este pensamento é quase uma autocrítica para a classe a qual me pertenço: o criador de conteúdo. A necessidade de criar algo é tão urgente para a maioria das pessoas que trabalha na internet que o criador sem conteúdo acaba criando conteúdo. E em grande quantidade.
Não basta a pessoa postar foto (patrocinada) do sapatênis novo, precisa postar foto da roupa que foi na festa que não foi convidado, mas sem mencionar isso. É preciso falar que namora mas sem mostrar quem, afinal é preciso de comoção para criar engajamento. Existe também a necessidade de ir nas postagens do Luciano Huck e do Marcos Mion e falar que ambos “falaram tudo”.
Em busca de engajamento a pessoa fica sem conteúdo propriamente dito. E nem estou falando quanto a qualidade disso, afinal, um dia aqui estamos falando das falas do Eduardo Bolsonaro contra os professores e no outro dia tem lista de todos os aranhas de Aranhaverso 2. Há público para tudo e, aqui no FAROFEIROS, acreditamos nisso de verdade… Mesmo o besteirol geral é criação de conteúdo, mesmo quando a intenção é apenas fazer gracinha.
Agora é preciso notar que até ficar fazendo pose na frente da janela hoje é considerado conteúdo.
Criar conteúdo na internet não é fácil, muitas vezes algo é criado e é consumido por um número pequeno demais de pessoas. Por vezes também, independente de ter qualidade ou não, tal conteúdo não gera renda. Enquanto isso tem pessoas ganhando dinheiro para mostrar 15 segundos de uma camiseta no stories.
Todos precisam vender algo para manter sua condição de criador de conteúdo mas, no final, são todos vendedores mais precarizados ainda e nem comissão recebem. Os que não recebem tentam chamar a atenção de marcas de maneiras absurdas, ou se relacionando com pessoas absurdas.
Vender algo é realmente complicado, mas vender algo que você nem conhece e o faz apenas em uma oportunidade para ter dinheiros é complicado demais. Mas, neste caso, não acho que seja culpa efetivamente do criador de conteúdo, mas do sistema que quer pagar pouco e apenas uma vez para um trabalho que normalmente ficará na internet por muito mais tempo.
No final ser um criador sem conteúdo não é o problema, o problema é ser criador de conteúdo sem dinheiro. Bem, disso eu posso dizer que entendo bem, afinal não posso só criar conteúdo. Preciso conhecer SEO, HTML, PHP, Meta Business, Analytics, Cap Cut, Sony Vegas, OBS, GIMP, Audacity, Trends e mais uma monte de outras ferramentas de redes… Isso para você criar e tentar entregar o conteúdo.
Tentar mesmo, pois para garantir a entrega ao público é mais caro.
Pensamento do Dia
Vivemos num mundo onde deveríamos assistir a Copa do Mundo de Futebol das Mulheres e onde Eduardo Bolsonaro despreza professores. Pois é, nem tudo é top, man.