Farofeiros, farofeiras e farofeires, acordar, checar as notificações e se revoltar tem sido minha rotina nos últimos anos. Mesmo antes do café da manhã entro num looping de esgotamento emocional, cansado de ter que se importar com tudo o tempo todo.
O absurdo diário da vida cotidiana não nos dá folga, é cansativo ver a violência, a malícia e o despreparo daqueles que deveriam trabalhar para resolver nossos problemas – e não criar novos.
Se ontem o problema era o governador lunático, hoje é o ex-streamer nazista. Amanhã será a votação de mais um projeto que enterra direitos básicos enquanto mais projetos de lei que favorecem a grilagem são aprovados pelo congresso nacional. Enquanto um bananinha vai pedir para um laranjão egocêntrico interferir na justiça de outro país. Tudo é urgente. Tudo é trágico. Tudo precisa de posicionamento, thread, vídeo e story indignado.
Me pergunto com muita frequência se eu ainda estou lutando ou só estou sobrevivendo.

E o algoritmo faz questão de esfregar na sua cara que você não foi bom ou rápido o bastante. Você sabia que é comum pessoas que me conhecem receberem meus memes sem ser por mim? A minha postagem gera 500 curtidas, a da pessoa que pegou o meme ganha 100 mil. Isso cansa.
Tem dia que o silêncio é tudo o que eu consigo produzir. E tá tudo bem. Acho. Especialmente quando o mundo foi desenhado para esmagar quem ousa tentar corrigir os rumos dele.
Não é omissão, isso também é um ato político. O de parar e respirar antes de seguir em frente. A gente não pode se acostumar com o absurdo. Mas também não pode deixar que o absurdo nos cause colapsos toda hora.