O Brasil está passando por um período de seca severa em 2024, com cerca de um terço do território nacional afetado. A estiagem, que começou em 2023, estende-se do Acre até São Paulo e Triângulo Mineiro, causando isolamentos de cidades devido à queda no nível dos rios e ameaçando o fornecimento de energia elétrica. Os especialistas apontam que a seca está relacionada a um conjunto de fatores climáticos, como o fenômeno do Super El Niño, o aquecimento anormal do Atlântico Norte e bloqueios atmosféricos, que impedem a chegada de frentes frias em regiões mais ao norte.
O Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) alerta que o Brasil está enfrentando um ciclo de secas ainda mais intenso, impulsionado pelo aquecimento do Oceano Pacífico, o que também leva à redução das chuvas em várias partes do país. Este cenário é agravado por bloqueios atmosféricos, que mantêm massas de ar paradas, dificultando a chegada de frentes frias, especialmente em regiões como o Norte e o Centro-Oeste.
Incêndios Criminosos
Enquanto a seca agrava o risco de incêndios naturais, o país também enfrenta um aumento significativo nas queimadas criminosas em biomas como Amazônia, Pantanal e Cerrado. Investigadores da Polícia Federal afirmam que a maioria dos focos de incêndio em São Paulo, por exemplo, foram provocados de forma deliberada.
De acordo com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o cenário atual é semelhante ao “Dia do Fogo“, em 2019, quando fazendeiros do Pará incendiaram áreas como protestos contra políticas ambientais. Até o momento, ninguém foi punido pelo evento de 2019, que ainda impacta a dinâmica de desmatamento na região.
O uso de queimadas para a limpeza de pastos e áreas agrícolas continua a ser uma prática comum em algumas partes do Brasil, mesmo quando proibida. No Pantanal, 95% dos focos de incêndio registrados ocorreram em propriedades privadas, enquanto no estado de São Paulo, a prática foi substituída pela mecanização na colheita de cana-de-açúcar. Contudo, os incêndios continuam a avançar, muitas vezes devido à falta de controle sobre as queimadas iniciadas para manejo de terras.
Ações de Controle e Saúde
Especialistas apontam que é possível controlar os incêndios e mitigar seus impactos por meio de ações coordenadas de monitoramento e fiscalização ambiental. O combate ao fogo deve envolver uma maior integração entre diferentes ministérios, como o da Defesa e o do Desenvolvimento Regional, além de órgãos de fiscalização como Ibama e ICMBio. A ampliação das operações de fiscalização, com aumento de efetivos e multas, é essencial para evitar novos desastres.
Para a população, os especialistas recomendam aumentar o consumo de líquidos, evitar exposição ao sol nas horas mais quentes e utilizar umidificadores de ar para manter a saúde durante o período de seca. Se possível, é aconselhável buscar refúgio em áreas menos afetadas por focos de incêndio, especialmente em caso de risco iminente.