A redenção do Justiceiro é algo possível?
O personagem violento que foi tomado pela extrema direita mundial se tornou um símbolo de proliferação de ódio. Não importa o que a Marvel Comics fez até hoje com o personagem, ele se perpetuou como um símbolo de violência. Só faltava uma coisa para fazer para conseguir a redenção do Justiceiro.
Fui pego de surpresa ao ler Punisher #12, não contava com a história que li. Aliás, só corri atrás do título pensando em complementar o artigo falando de seu símbolo e encontrei algo inesperado. Pensando em retrocesso não havia outra opção, mas não acreditava que tal medida seria tomada.
Quer dizer, mais ou menos isso. Bem mais ou menos.
Sim, haverá spoilers.
Sempre fico ressabiado quando misturam misticismo com personagens como o Justiceiro. Para mim nunca dá certo colocar o sobrenatural em um lugar que nunca deveria ser alcançado por esse tipo de história.
A série toda é, para mim, um erro. Colocar Frank Castle como essa entidade mística e violenta só não foi pior do que aquela história de quando o reviveram como Justiceiro Anjo em 1998. O personagem tinha que ter continuado morto.
A história hoje o torna o representante de um espírito violento e ressuscita sua esposa, a Maria que foi assassinada junto de seus filhos. E todos os contornos da história, todas as explicações e motivações são bem fracas na minha opinião. O argumento criado por Jason Aaron, Jesús Saiz e Paul Azaceta para O Rei dos Assassinos é piegas, mas no final a participação de Maria se mostra como o alicerce de toda essa tragédia.
De alguma maneira Doutor Estranho, Cavaleiro da Lua, Capitão América Steve Rogers, Viúva Negra e Wolverine encontram um fragilizado e aprisionado Justiceiro. Salvo da morte seus salvadores se tornam julgadores e precisam decidir o que fazer com o – agora – vilão. Mas a última pessoa a julgá-lo é a mais importante: Maria Castle.
E, é importante frisar, esta é a parte onde a história realmente fica boa e relevante.
Maria está livre de encantamentos e qualquer outra coisa que possa surgir e vai de voadora (figurativamente falando) nas costelas de Frank. Primeiro que ela deixa claro que no dia do assassinato Maria queria conversar algo com Frank e esse “algo” era o divórcio.
Com ajuda de Natasha os bens do casal, as casas seguras de Frank e o que havia nelas, metade do dinheiro Maria pegou para si. A outra metade, a parte de Castle, foi doado para várias instituições de caridades em nome dos filhos do casal. E a frase que ela profere é a melhor coisa que essa série toda produziu:
É assim que se honra uma família morta […] não a usando como uma desculpa para um massacre.
Maria ex-Castle
O grupo de heróis decide finalmente o que fazer com Frank Castle, mas o Justiceiro decide antes e, aparentemente, morreu… Ou saiu da nossa existência, afinal esse trem ainda é gibizinho de boneco.
Esta é a última edição da série e em uma carta (esquisita) no final do gibi vemos Jason Aaron concordando com algumas coisas que o Justiceiro representa, e outras não. No final ele expõe do que se trata realmente a história de Frank Castle: uma tragédia.
Mas sempre existe um prelúdio e, como era de se imaginar, a história de Frank Castle não acabou… E o colocaram cuidando de crianças em um lugar esquisito. Porra Marvel!
