100 dias de Governo Lula se segurando sobre o fio da navalha imperialista.
Nos 100 dias de Governo Lula é muito doido juntar um mais um e perceber o óbvio: se Trump tivesse sido reeleito (ou dado um golpe do capitólio), o Brasil hoje estaria muito possivelmente sob algum tipo de regime militar/bolsonarista – também pós golpe de Estado.
Na verdade, a tentativa de deslegitimar as eleições nos EUA forçou Biden a endossar o resultado do nosso pleito como um tipo posição ideológica, como que demarcando um terreno contrário ao do Trump e dos Republicanos.
Veja bem, isso não coloca o Biden numa posição de bom moço ou de um líder cuja agenda é a defesa da democracia. Seria necessário começar um Estados Unidos da América do zero para que alguém com mandato de presidente tivesse um viés que chegasse perto de ser democrático (interna e externamente falando).
Não é à toa que os EUA não querem o Brasil fazendo acordos com China ou outros países do Sul global. Os EUA querem o Brasil como colônia da sua própria burguesia local que, por sua vez, abaixa a cabeça pra burguesia (pasmem!) estadunidense!
Basta ver a movimentação intensa da mídia e de certos setores da nossa horrorosa “elite” praticamente personificados em toda essa campanha safada de defesa dos juros a 14%, trabalho escravo não fiscalizado, perda de garantia trabalhista, o novo ensino médio e a mais nova fanfic do momento: associar o PT ao PCC com o agente queridinho dos EUA, o Moro, bem no centro do embate.
O dia 8 de janeiro caiu no esquecimento dessa elite financeira e o imperialismo segue firme e forte. Lula tem uma missão difícil de reconsolidar o que sobrou da indústria nacional, frear o avanço do capital estrangeiro (e nacional subalterno ao de fora) sobre o setor público – saúde, educação e etc. Reconduzir alguma política de proteção trabalhista e, quem sabe, talvez, impedir a reorganização da extrema direita hoje composta por militares e por uma burguesia rentista e improdutiva. Esta que é constituída de especuladores e financiadores do crime organizado, todos estes sob o manto ideológico do que chamamos de bolsonarismo.
Isso se o mandato do atual presidente chegar ao fim, claro.
De longe a maior tarefa possível nesse momento pra você, mero mortal dessa máquina de moer carne viva chamada capitalismo de periferia é se organizar no seu sindicato, movimento ou partido político de base. Fora tudo isso, o vai sobrar pouco além de abrir um jornalão da grande mídia e se ressentir.