Mas que saudade do Brasil!
Ultimamente ando um tanto quanto saudoso e preguiçoso com o Brasil. Sou uma pessoa bastante engajada na política interna e externa. Gosto de discutir e, sobretudo, gosto de pensar no que vem por aí. Que saudade do Brasil viu.
Não sei se é a idade mas eu tô com saudades da razoável calmaria que o país, como um todo, parecia ter. Uma calmaria que, por vezes, era até ruim porque nos fazia empurrar os problemas pra debaixo do tapete – violência, condições de vida e etc.. Mas mesmo assim, sinto saudades ali de meados de 2006 a 2014 onde as coisas tavam indo bem, dadas as devidas proporções, e tinha uma promessa grande no horizonte de que iríamos ter condições de superar inúmeros desafios em alguns (e não tantos) anos quanto se pensava.
Depois de 2016 e, principalmente, 2019, parece que o barco que vinha já furado há séculos desandou de vez. Não há muita perspectiva ou grande ideia motivadora no Brasil. As pessoas estão perdidas num limbo, num simulacro irreal onde o que elas defendem tá fora dos problemas da realidade. Como se esses problemas fossem destinados a persistir ad nauseum.
Este ano é ano de eleição. Ora, veja bem, não sejamos ingênuos, botar alguém que a gente acredita no planalto, congresso e etc. é com certeza uma força motriz gigantesca pra uma melhora. Mas, só isso não basta. A onda política de viés individualista, imediatista e violenta que tomou de assalto o país desde 2016 não permitirá que somente a eleição de alguém voltado para a população e para o país resolva muita coisa. Não estou em cima de muro aqui, meu voto com certeza será no Lula – e creio que muita gente aqui do blog se identifica com essa esperança, se é que a podemos chamar assim.
Mas o Lula e um congresso utopicamente mais de esquerda terão ao menos 4 anos para desarmar a bomba neoliberal plantada nesta fazenda financeira do planeta terra. Isso sem falar que, se o atual presidente vencer, aí podemos dar adeus pra qualquer conquista ou progresso nessa geração (talvez nas próximas). Preocupante, sim? Pois é. E ao mesmo tempo, todos que sabem e têm essa preocupação estão paralisados. Jogamos todas as contramedidas para a eleição. Deixamos de lado o embate e debate com as classes para apostar no trilili da urna. Um trilili que, se depender do atual governo, vai terminar às 17h do dia da votação dando um resultado oposto ao que 70% da população deseja.
Eu não sei se é porque as tais iNsTitUiÇõEs estão apostando numa resposta, se é porque a oposição deseja jogar parada (porque está indo bem assim), se é porque a população tá cansada depois de quase 700 mil mortes, miséria e tristeza, MAS, parece que o Brasil todo tá deixando pra resolver o problema em cima da hora e, se necessário, jogá-lo pra debaixo do tapete.
Um Brasil que sente saudade do Brasil ficou inerte e preso em si mesmo diante da necessidade de ruptura e mudança. Eu sinto saudades de quando a preguiça e a inércia eram apenas sintomas de uma sociedade mazelada mas que enfim havia encontrado, ao seu jeito, uma visão de futuro.