Categorias
Séries

The Expanse

Assisti todas as temporadas de The Expanse e olha só o que aconteceu.

Gosto de ficção científica, mas sofro para encontrar algo que realmente goste e seja atrativa de verdade. Por isso mesmo nosso amigo Pedrelare indicou a série The Expanse, já passou pelo Syfy, Netflix e está no Prime Vídeo neste momento – mas isso poderá mudar em breve.

A produção já gamou um game da Telltale e é baseado na série de livros de James S. A. Corey.

Mas então, a série.

Gostaria de falar que gostei e me tornei fã, mas não é verdade. Gostei dela até metade da história e depois os defeitos da produção começaram a gritar mais alto do que as qualidades. Infelizmente de promissora a série passou a se tornar lamuriosa e tudo o que me atraiu inicialmente simplesmente sumiu.

A seguir haverá spoilers das 6 temporadas de The Expanse.

Algo que você notará assim que começar a assistir a série é a quantidade de bons atores atuando nesta história de navezinhas no espaço. A grande maioria dos atores faz um excelente trabalho, e posso dizer com tranquilidade que não me lembro de ver tantas atuações boas em uma série como The Expanse. Rostos conhecidos como Thomas Jane, Shohreh Aghdashloo e Chad L. Coleman abrilhantam ainda mais a história. E sim, o espaço é cheio de diversidade, uma delícia.

Mas veja, não é por ter uma média alta que não há problemas. O ator Steven Strait, que interpreta James Holden, foi claramente escolhido para ser o bonitão/gostosão da série para vender posters de gosto duvidoso. Sim, eu sei, é preciso fazer dinheiro e só gente querendo ver naves espaciais não são suficientes para manter uma série.

Hoje sei que a boa ficção científica trás elementos da realidade e, principalmente, muita política para motivar o uso da tecnologia… E gente de abdomen bem definido fazendo sexo em gravidade zero.

Em The Expanse vemos claramente as disposições políticas de direita e esquerda. A série sempre tenta mostrar que independente do planeta ou aspecto político existem pontos positivos e negativos… Sim, estou falando de militarismo, liberalismo e um monte de coisas que não gostamos por aqui, mas há muita luta de classes também.

The Expanse - Poster de divulgação da série com os personagens empilhados com um efeito de luz branca e fundo espacial - blog FAROFEIROS

A “facção” que mais sofre e apanha é – obviamente – a que tem em sua grande maioria membros da classe trabalhadora em atividades insalubres, que terráqueos e marcianos não querem fazer. Mesmo assim, os habitantes do Cinturão são aqueles que cultivam alimentos, extraem minérios e trazem riquezas para que os planetas tentem viver bem.

Os “belters” sofrem com a repressão: sua água e até seu oxigênio são racionados nas estações. Tudo só se “resolve” quando o universo sofre ataques de um terrorista egocêntrico que os obriga a unir forças… Mais ou menos.

Vi diversas similaridades com a série de games Mass Effect nas primeiras três temporadas, aqui o comandante Shepard é – de alguma forma – o capitão Holden e ambos compartilham a chatice espacial. Personagens previsíveis, brancos, que sempre lembram o Capitão América, aquele escoteiro que sempre tem razão (por vezes por motivos mágicos).

E por falar em games houve um jogo da Telltale que expandiu o universo da série focando em Camina Drummer. A história pareceu ser bem boa, mas tenho minhas dúvidas se é algo que todos os fãs iriam gostar.

Por vezes The Expanse apela para o melodrama exacerbado, o que me deixou extremamente frustrado. Até a terceira temporada isto parecia controlado de alguma forma, mas na quarta temporada tudo foi para o saco com sessões intermináveis de melodrama da pior qualidade em uma caverna sem sentido cheio de lesmas. E mesmo assim foi nesta temporada que vi o retorno do detetive Miller… e até me animei um pouco.

The Expanse - Naomi Nagata - Amos Burton - Alex Kamal e Jim Holden no deck da nave espacial Rocinante - blog FAROFEIROS

O detetive Miller foi minha primeira grande perda, mas foi a segunda morte de dele que me irritou. Sim, a segunda. A primeira foi boa, aceitável, finalizava de maneira perfeita um arco… E confesso que gostei de ver seu retorno como “backup digital espiritual” que “baixava” apenas para falar com Holden. Praticamente um encosto alienígena.

Em minha humilde opinião o capitão da Rocinante precisava desse apoio permanente para não esconder um dado: de que James Holden é a pessoa mais chata do universo.

A quinta e a sexta temporadas são extensões de tudo de bom – e de ruim – que vi na série. Enquanto os ataques de Inaros fizeram todos os personagens terem motivações revigoradas mostrou também um drama cansativo e pedante. Inaros só não é mais chato do que Holden, se ambos resolvessem se aliar o universo teria perecido para a chatice.

O final da sexta temporada (A última? Talvez.) é um bom cliffhanger para mais histórias… Mas é tudo desconexo de uma maneira tão absurda que, se não fossem baseados em livros, poderíamos dizer que foram apenas âncoras jogadas à esmo no meio do mar. Não. Há. Conexão. De. Nada.

Tudo ocorre por conta de tecnologia alien desconhecida. Mas nada é mostrado ou explicado. As coisas simplesmente acontecem e lá vai Holden com sua navezinha salvar o universo de… seja lá o que for aquilo.

Acho triste acabar a série com esta impressão esquisita de ter assistido uma versão espacial de uma novela onde você não descobre quem matou Odete Roitman.

Por Rodrigo Castro

Debochado e inconveniente. Escritor, roteirista e designer de brincadeirinha.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *