A nova aventura do Quarteto Fantástico foca na família, no drama, na ficção científica cósmica
A nova aventura de Reed, Sue, Ben e Johnny a Marvel Studios, ambientado na Terra 828, abandona o arroz com feijão do MCU e aposta em uma história mais fechada, focada no drama familiar. Quarteto Fantástico: Primeiros Passos é surpreendentemente bom!
O texto a seguir incluí SPOILERS mínimos do filme, mas se você veio aqui querendo saber se Robert Downey Jr. aparece em Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, já avisamos: não aparece. Pode respirar e seguir a leitura.
Os primeiros passos do Quarteto com cara de gibi
O filme não é o que esperava, é melhor. Os roteiristas Josh Friedman, Eric Pearson e Jeff Kaplan, junto do diretor Matt Shakman, entregam uma surpreendente aventura extremamente brega e deliciosa. Tudo arremete os quadrinhos: o drama, a aventura e a química familiar que transborda da tela – em grande parte graças aos atores que estão impecáveis.
Não posso afirmar que “a Marvel voltou” pois acredito que algo desse tipo nunca tivemos no MCU.
A ambientação mistura tecnologias absurdas, figurinos clássicos e diversas referências aos quadrinhos, até mesmo uma releitura da capa de Fantastic Four #1. A beleza do momento é absurda… Até Herbie que não tem um rosto se mostra um robô com alma!
Até a Fundação Futuro aparece, mas aqui funciona como uma espécie de ONU chefiada por Sue Storm. Em uma cena mostrando as nações membro chama a atenção a ausência do representante da Latveria – país dominado por Victor Von Doom, o Doutor Destino.
Aliás, o filme é isolado do MCU: não há participação de outros heróis. Porém todos os vilões têm ligação direta com o Quarteto Fantástico… Mesmo que de forma diferente, afinal o Topeira é um líder razoável, a Surfista Prateada é uma mudança óbvia… E Galactus, bem, é um gigante com fome.



Sue grávida, Galactus velho e Reed gênio (inconsequente)
A trama gira em torno da gravidez de Sue Storm, enquanto a equipe lida com a ameaça cósmica de Galactus. E não, não é uma nuvem com olhos brilhantes. Ele aparece como o devorador de mundos clássico – embora esteja visivelmente velho, fraco e cansado do que se esperava. Por isso, inclusive, seu interesse em Franklyn Richards.
O filho do casal Sue e Reed é simplesmente um dos seres mais poderosos da mitologia da Marvel Comics. A extensão de seus poderes nos quadrinhos é tão absurda que ele casualmente altera a realidade e cria universos… Infelizmente isso ocorre com uma frequência exagerada nos quadrinhos.
O filme acerta ao tratar com seriedade o dilema principal: Reed e Sue se recusam a trocar seu filho pelo planeta Terra, e a humanidade entra em colapso moral. Um tipo de conflito que a Marvel raramente explora com esse peso.
E é preciso convir que o visual é o menor dos problemas diante de um filme que decide mostrar um parto em gravidade zero numa espaçonave fugindo à beira de um buraco negro. A cena é absurda e, absurdamente boa!

Elenco fantástico para bons personagens
As atuações mostram a importância de um elenco sincronizado, Pedro Pascal, Vanessa Kirby, Ebon Moss-Bachrach e Joseph Quinn são o Quarteto Fantástico que sempre quis. Todos eles representam de maneira exemplar os personagens, dando volume e uma veracidade que raramente vemos em um filme da Marvel.
A Surfista Prateada é mais uma das surpresas de Quarteto Fantástico: Primeiros Passos. Embora não seja o Norrin Radd como nos quadrinhos, a personagem carrega a mesma moral e peso na história, Shalla-Bal é a arauta que Galactus merece e entrega tudo que se espera.
Galactus é um personagem que não dá para ser muito discutido. É um cara gigante com um balde roxo na cabeça que usa saia e sai por aí comendo planetas. Não dá para fazer algo muito melhor do que foi feito aqui, não sei se podemos chamar de perfeito, mas é muito bom.
Johnny Storm também tem bons momentos, principalmente em sua interação com a Surfista. Ele não é só o piadista em chamas e se mostra útil, sem deixar de ser o Tocha Humana falastrão.
Enquanto isso, o Coisa ganha uma nova versão que não vai agradar todo mundo. As pedras do rosto dele me incomodou um pouco, dando uma expressividade estranha, desconfortável até. Porém o personagem mostra um design extremamente fiel aos quadrinhos.
Reed Richards é um personagem complicado, ele é chato e tenta ser uma boa pessoa com planos com ampla taxa de falhas…Particularmente gosto de odiar Reed e Pedro Pascal conseguiu mais uma vez dar alma para um personagem na cultura pop com louvor.
Agora, Sue Storm é o coração, a alma, a mente e o músculo (mais forte) da equipe. Finalmente a personagem recebe o destaque merecido mostrando o que ela faz e do que é capaz. Ela é quem orienta, ela é quem todos seguem, ela é quem organiza e é quem tem razão. A Sra. Fantástica sem dúvidas.

Reed Richards não salva o mundo
Nada mais Reed Richards do que bolar um plano incrível e absurdo apenas falhar lindamente. E aqui confesso que acho graça da ideia de teletransportar um planeta inteiro… Que falha graças à um previsível ataque da arauta de Galactus.
O visual da batalha final contra Galactus é um desfile de referências visuais a décadas de quadrinhos. Reed se esticando por cima de um gigante roxo, campos de energia da Mulher Invisível, Ben derrubando prédios.
É a típica luta final de super-heróis nos quadrinhos, mas representada de forma surpreendente e deliciosa.
No fim, claro, Quarteto Fantástico Sue Storm salva o mundo.

O Quarteto Fantástico está de volta
Quarteto Fantástico: Primeiros Passos é um filme corajoso, estranho e emocionalmente carregado. Ele entrega drama familiar, ficção científica clássica, dilemas morais reais e um elenco perfeitamente encaixado.
E sim, o filme termina com a promessa de retorno: O Quarteto Fantástico voltará em Vingadores: Doomsday (ou Apocalipse, a Marvel Brasil ainda decidiu a tradução). Mas a cena pós créditos mostra o Doutor Destino, só não mostra Downey Jr.
Se mantiverem esse tom, o próximo passo pode mais do que fantástico… Gostei mais de Quarteto do que de Superman, mas também é um bom filme de boneco!