Björk e Massive Attack aderem ao boicote cultural contra Israel mesmo que isso não pare os tiros.
Enquanto alguns artistas ficam em cima do muro postando stories sobre a “polarização”, outros estão literalmente tirando sua música do ar. Björk e Massive Attack decidiram que não fingir que não está acontecendo nada em Gaza e aderiram ao movimento No Music For Genocide (Sem Música Para Genocídio) – sim, o nome é direto assim mesmo, contra Israel.
A estratégia é simples: bloquear geograficamente o acesso às suas músicas em Israel através nas plataformas de streaming. Podemos dizer que esse é o equivalente musical de bater a porta na cara… Só que digitalmente e com propósito bem claro.

A arte contra-ataca!
A cantora islandesa Björk não é exatamente conhecida por ficar quieta quando o assunto é injustiça. Em novembro de 2023, ela já havia usado suas redes sociais para acusar Israel de genocídio e compartilhar mapas da Palestina como símbolo de resistência. Aos 59 anos ela decidiu que palavras não são o bastante
Já o duo britânico Massive Attack foi além e também saiu completamente do Spotify. O CEO da plataforma, Daniel Ek, investiu pesado na empresa alemã Helsing, desenvolve inteligência artificial para equipamentos militares, incluindo drones e sistemas de aeronaves de combate utilizados por Israel.
Na declaração oficial a dupla foi direta: “Considerando os investimentos significativos do CEO em uma empresa que produz drones militares e tecnologia de IA integrada em aeronaves de combate, solicitamos à nossa gravadora que nossa música seja removida do serviço”.
A Helsing depois tentou se explicar dizendo que sua tecnologia é usada apenas para “defesa europeia contra a agressão russa na Ucrânia“. Convincente como propaganda de cigarro dizendo que faz bem para a saúde do cowboy durante o pôr-do-sol.
Mais de 400 artistas que já aderiram ao No Music For Genocide entenderam que neutralidade em tempos de genocídio é cumplicidade.
O movimento estabelece paralelos diretos com os boicotes contra o apartheid sul-africano – e quem se incomodar com essa comparação deveria se perguntar por quê.

Boicote cultural funciona, e por isso incomoda tanto.
“Embora a cultura não possa impedir bombas, ela pode mudar a opinião pública e ajudar a resistir à normalização de Estados que cometem crimes contra a humanidade“, explicam os organizadores da campanha.
A arte tem se posicionado contra o genocídio em Gaza e vemos nomes como o de Damon Albarn que recentemente fez um show junto da Orquestra Árabe de Londres. Durante a apresentação uma imagem dos personagens do Gorillaz foi exibida erguendo a bandeira da Palestina. A ação pediu doações para o Together For Palestine.
Contudo, as grandes gravadoras Sony, Warner e Universal ainda não entraram na campanha, obviamente. Dinheiro não tem nacionalidade, né? Mas a pressão está aumentando, e quanto mais artistas aderirem, mais difícil fica para essas corporações fingirem que não têm nada a ver com isso.
Enquanto isso, o Spotify continua se vendendo como a “plataforma democrática da música” enquanto nazismo se propaga por ela e seu seu CEO lucra com tecnologia militar. É a mesma lógica de marca que vende diversidade no Dia do Orgulho LGBTQIAPN+ e financia político homofóbico nas eleições.
Por fim, vale lembrar que o Massive Attack vem ao Brasil em novembro para um show beneficente em apoio aos povos indígenas. Diferente de muita gente por aí, eles entenderam que justiça social não é café com leite – ou você está do lado dos oprimidos ou você está financiando o opressor.