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Bebê reborn e o algoritmo da atenção

Você já deve ter visto por aí algum vídeo que mistura bonecas realistas, drama e fila de hospital. À primeira vista, parece só mais uma excentricidade da internet. Mas vale parar e observar com mais cuidado o que está acontecendo.

Vamos direto ao ponto: ninguém está criticando quem coleciona bonecas reborn. Colecionar objetos — sejam bonecas, selos, moedas ou bonecos de super-heróis — é um hobby como qualquer outro. Tem até fins terapêuticos legítimos. E está tudo bem.

O que tem gerado incômodo (e muito clique) são os excessos performáticos, como:

  • Querer atendimento em hospital como se a boneca fosse uma criança real;
  • Entrar em fila prioritária dizendo estar “com bebê de colo”;
  • Exigir os mesmos direitos de uma mãe com uma criança de verdade nos braços.

E por que isso tem viralizado tanto?

A resposta está na economia da atenção

Há uma corrida desenfreada por visibilidade nas redes sociais, e certos comportamentos absurdos, ou roteirizados para parecer absurdos, são perfeitos para isso. As pessoas reagem, comentam, compartilham, criticam… e o alcance do conteúdo dispara. Mesmo quando é pra “reclamar do absurdo”.

Ou seja: a indignação gera engajamento.

E aí fica a pergunta que vale mais que mil curtidas:  estamos refletindo sobre o tema ou só ajudando a alimentar o algoritmo?

Por Paola Costa

Professora, podcaster e palpiteira. Só falo de temas aleatórios, não reparem a bagunça (ou reparem).

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