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A mesa voou

Vida longa para Veríssimo, sua mesa voou.

Farofeiros, farofeiras e farofeires, a morte é uma sacanagem e todos deveriam ser contra, podemos considerá-la um insulto à própria vida. Porém ela acontece e no sábado, dia 30 de Agosto (que desgosto) de 2025 perdemos Luis Fernando Verissimo.

Comecei a ter gosto pela leitura tardiamente, mas não posso deixar de apontar que sua obra me inspira ainda hoje. O conheci lendo a reedição de 2001 de A Mesa Voadora, um aglomerado de crônicas gourmet (ou gurmê?), e acredito ser possível ver a inspiração de tal obra em alguns de meus textos. Não me comparo ao mestre, mas posso dizer humildemente que vejo meu trabalho emular um pouco do que Luis Fernando fez… Mas não em Epistemologia do Peido.

Nosso querido Dennis Almeida, muito mais letrado que eu, escreveu um breve fio sobre sua percepção do autor e como o conheceu. Vale a pena dar uma conferida.

Enquanto estudava Turismo na faculdade é certo que ele me inspirou para tanto. Talvez tenha me inspirado mais do que imagino. No meu TCC criei algo que na época era inédito, um bar temático de esportes. Porém essa não era minha intenção inicial, queria mesmo um bar que pudesse chamar de perfeito. O Bar Perfeito foi a falência em sua crônica, mas não deixei que meu orientador soubesse dessa parte… Mesmo assim a ideia foi abortada precocemente pelo orientador. Era preciso lucrar – mas quem disse que lucro é tudo? Se o Bar Perfeito falir é certo que nenhum outro bar deveria ter a audácia de existir.

Isso tudo ocorreu antes deste blog nascer e, talvez, tenha sido o catalizador desta receita que faz parte da minha vida por tanto tempo. Serão 23 anos agora em Setembro de 2025, e confesso que em idas pouco convencionais para Porto Alegre ousei me imaginar encontrando o autor em um bar. Em restaurantes seria pouco provável, eu não seria capaz de frequentar os lugares que ele gostava.

Adepto da confusão que sou, foi com o autor que entendi que é preciso pedir desculpas pelas repetições, contradições e outras distrações. Mas as grandes confusões, essas são problema única e exclusivamente do leitor.

E, ao leitor, fica a lição com a declaração feita em entrevista à Folha de S. Paulo em 2020: “Talvez ingenuamente, eu não entendo como uma pessoa que enxerga o país à sua volta, vive suas desigualdades e sabe a causa das suas misérias pode não ser de esquerda. Ser de esquerda não é uma opção, é uma decorrência“. Não é possível discordar.

Obrigado Luis.

Por Rodrigo Castro

Debochado e inconveniente. Escritor, roteirista e designer de brincadeirinha.

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