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Fábulas – 150 edições depois

Fábulas é um dos poucos títulos acompanhei com o entusiasmo nos últimos anos.

Hoje é difícil algo prender minha atenção, talvez a idade tenha me tornado chato mas prefiro pensar que meu gosto está mais refinado. Fábulas pega contos infantis e os coloca em um ambiente bem real e cheio de maldade, este é o famoso “quadrinho adulto”, só de ler as primeiras páginas você vê que não é para crianças.

Sem dúvidas é um dos meus quadrinhos favoritos de todos os tempos.

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Fábulas - 150 edições depois - Blog Farofeiros

Textos de Bill Willingham e artes de Mark Buckingham, Lan Medina e Steve Leialoha permeiam as 150 edições de Fábulas, com destaque para os artistas das capas James Jean e João Ruas. O primeiro inclusive se tornou um dos meus desenhistas favoritos rendendo até uma enorme tatuagem da arte de Vento do Norte assoprando Lobo.

Essas são as aventuras das fábulas no mundo real com diversos SPOILERS!

Conto de fadas?

Fábulas - 150 edições depois - James Jean - Blog Farofeiros

A história gira em torno da Cidade das Fábulas, um dos retiros no mundo mundano de diversas fábulas exiladas pela guerra do temível Adversário. A Cidade das Fábulas é um local pequeno fisicamente falando , mas como existe magia  transbordando por todos os lado algumas bruxas do 13° Andar fazem com que a parte de dentro seja infinitamente maior do que seu exterior.

Os humanos não fazem ideia da existência dessa ilha mágica situada no meio de Nova Iorque! Outro refugio para as fábulas é A Fazenda onde primariamente habitam aqueles que tem formas animalescas ou monstruosas ou simplesmente não conseguiram dinheiro suficiente para comprar um feitiço desses.

Os arcos variam os protagonistas mas Branca (de Neve) e Lobo (Mal) estão sempre envolvidos até o pescoço em alguns deles, mesmo que indiretamente. No final esta é praticamente a história do casal e sua gigantesca e poderosa família, mas não é só isso que acontece nesse conto de fadas… ou fábulas.

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Pinóquio, filho mais velho de Gepeto que fugiu de casa e apesar de parecer uma criança ele já tem uma idade bem avançada e aprendeu a falar a verdade. Gepeto arquitetou um plano de dominação de diversos mundo através de seu exército de soldados de madeira, incluindo o próprio Adversário. Rosa Vermelha é simplesmente a irmã mais nova revoltada e encrenqueira de Branca de Neve.

Lobo Mal deixou de ser mal e se tornou o xerife da Cidade das Fábulas. Branca de Neve largou Príncipe Encantado depois que descobriu uma traição dele com sua própria. João do Pé de Feijão se tornou um dos maiores produtores de filmes de Hollywood vivendo fora das regras das fábulas no mundo mundano. Cinderela virou uma espiã assassina… e sabe aquele príncipe que era um sapo, então ele aqui é o Papa Moscas e de zelador passa à rei dos mortos. Longa história.

E pensa que é só isso? Sim, contei um pouco da história de alguns poucos personagens, mas não chega a ser 10% de todo o conto… Sem falar as histórias extras focando algumas aventuras desses personagens. Afinal são as fábulas no mundo mundano, não na Cidade de Fábulas.

Guerra e morte

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Guerras e mortes são frequentes no mundo das fábulas também. Gepeto criou um exército de madeira praticamente invencível para dominar mundos em seu nome, matou a maioria dos que se opuseram a ele, o resto ele aprisionou em caixas mágicas pela a eternidade para drenar seus poderes mágicos e usa-los a seu favor. Foi derrubado do poder mas ele não seria o único vilão ou tirano que vemos em Fábulas.

Para começar a batalha das fábulas para destitui-lo foi sangrenta e contou com planos ardilosos de Encantado e Lobo, não jogaram limpo contra um exército quase invencível que não se cansava, nem sentia dor ou precisava se alimentar. Alguns encantamentos ajudaram mas foram as táticas de guerra mundanas que cumpriam o papel principal das invasões para retomar os mundos das mãos do Adversário, um a um foram caindo. Mas não seria a última batalha sangrenta que veriam.

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Houve também a guerra entre a Cidade e a Fazenda, um querendo mandar mais que o outro, um se achando mais injustiçado que o outro. No final tudo acaba bem, mas não para todos afinal é complicado para um cão falando fazer algo diferente do que filmes infantis.

A liberdade de algumas fábulas detentoras de mágicas poderosas trariam mais decadência e terror do que a guerra em si, foi o caso do Bicho Papão que quase subjugou o plano mundano todo apenas pela sua presença naquele plano. Papa Moscas usou de toda a sua nobreza para conseguir poder mágico o suficiente para combater o exército de Gepeto em diversas batalhas. Aliás a morte quando envolve magia é algo bem complicado, as vezes uma pessoa simplesmente não pode morrer, as vezes ela simplesmente quer morrer e pronto. Não é mesmo Azul?

Fábulas são ideias e ideias não morrem se alguém se lembra delas… imagine só se muita gente pensar nela…

Arte na capa

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O artistas de capa frequentemente roubaram a cena, tanto James Jean como João Ruas são artistas fantásticos que não restringem sua arte aos quadrinhos. Virei um mega fã de James Jean e, como já mencionei, tatuei um de seus desenhos e pretendo fazer mais um ou dois. É claro que é difícil reproduzir uma arte tão delicada e detalhada na pele, mas com o tatuador certo tudo pode ficar lindo. Sou desses. Tenho Fábulas marcado na pele…

E não é que a arte interna seja ruim, ela é simplista, dá o seu recado mas não chega a ser deslumbrante como a arte das capas… talvez isso valorize ainda mais a arte inicial. Por isso o destaque para as capas de Fábulas feitas tão cuidadosamente e com requintes de arte.

Veredito

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Muita coisa pode ser falada ao longo das 150 edições originais de Fábulas, 22 encadernados se seguido o padrão da publicação no Brasil, infelizmente o título já chegou à um fim. Me surpreendi com o texto inicial e fui pego pela história com violência pela trama, o lado podre dos contos de fadas simplesmente deixaram esses personagens mais reais do que nunca. O Felizes Para Sempre deles demorou demais para chegar e olha que alguns não conseguiram isso nem depois de mortos… outros simplesmente compraram novos destinos, simples assim.

Como a frequência que a Panini publicava os títulos era um mistério para mim as vezes esperava mais tempo do que gostaria para ler a sequência da história, o último número demorou demais para surgir na banca onde compro e o site deles é uma piada.

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Agora só me resta jogar The Wolf Among Us, jogo que mostra um pouco da rotina pouco habitual do xerife Lobo da Cidade das Fábulas, como o jogo foi lançado antes do fim da série ele não segue totalmente todos os arcos de histórias dos quadrinhos mas valerá a pena para matar a saudade desses personagens. 

Também preciso me inteirar dos títulos avulsos de Fábulas contando aventuras de personagens específicos, João do pé de feijão e Cinderela aprontaram muito no mundo mundano para tão poucas páginas. Sentirei saudades dessas aventuras.

Por Rodrigo Castro

Debochado e inconveniente. Escritor, roteirista e designer de brincadeirinha.

2 respostas em “Fábulas – 150 edições depois”

Um verdadeiro porre. O mesmo tipo de porcaria que vemos constantemente ao longo de anos: paródias toscas sobre histórias clássicas e personagens icônicos. Mais do mesmo. O pior é o primeiro volume e sua prosaica historinha de detetive com um final totalmente lastimável, além de previsível. É fácil ser “irônico” e supostamente “descolado” se apropriando e empobrecendo lendas, folclore e histórias realmente boas criadas por outras pessoas, difícil é criar algo próprio e que tenha relevância.

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