As 20 edições do quadrinho DIE são uma surpreendente experiência.
DIE, quadrinho norte americano escrito por Kieron Gillen e com arte de Stephanie Hans, é surpreendente. Quando você acredita ser uma história para adolescentes ela se transforma em um drama, quando a aventura chama a tragédia a acompanha, quando a verdade surge vemos uma nova mentira. Essa confusão toda é a estrutura que ergue este quadrinho e que não me decepcionou.
Confesso, não havia começado a ler antes esse gibi por preconceito. Não sou atraído facilmente pelo gênero de fantasia fantástica, com elfos e gnomos andando por terras médias. Tudo mudou quando literalmente ouvi alguém falar de um dos aspectos que o gibi tratava, especificamente as questões do personagem Ash. No mundo real ele é um homem, mas em DIE, ela é uma mulher. E a discussão no gênero fantasia me atrai muito – de verdade – apesar de ser algo que não faz parte da minha realidade acredito piamente que histórias desse tipo ajudem na elucidação das pessoas e, consequentemente, na diminuição do preconceito.
Mas estou me adiantando na história, vamos começar pelo início. DIE é um nome que brinca com DICE – literalmente “dado” e a palavra “morte” em inglês. Apesar do título mórbido não achei que veria tantas mortes quanto vi… E mesmo assim não se trata de uma história sobre mortes, mas, talvez, seja uma história sobre perdas.
Um grupo de jovens se junta para um típico jogo de RPG no início dos 90, porém, ao usar os dados específicos de cada um eles são transportados para o mundo de DIE encarnados em seus personagens. No melhor estilo Caverna do Dragão eles passam anos enfrentando perigos até que conseguem voltar ao mundo real… Onde o tempo não deixou de passar e, como se isso não fosse o bastante, as perdas que ocorreram em DIE mostravam que aquele mundo não era apenas um jogo.
Um dos membros do grupo não voltou, os que voltaram vieram cheios de mágoas pelas tragédias e guerras vividas. Porém, acredite, isso é só o início da história, o quadrinho se passa anos depois do retorno e, adivinhem só, eles terão que voltar para aquele mundo.
Adultos, casados, amargurados com o mundo real e ainda traumatizados pelas perdas. Tudo o que eles não precisavam era voltar para DIE, certo? Bem, mas é isto que acontece, vemos assim as consequências que o tempo teve nos dois mundos para estas pessoas ligadas pela tragédia.
Todos os personagens são marcantes, é incrível como um grupo tão pequeno consegue ser tão rico e profundo em suas histórias. Dictator, Grief Knight, Neo, Godbinder, Fool e Grandmaster (?!) são personagens que conhecemos, somos nós, são até aqueles personagens de Caverna do Dragão… Mas esta não é uma história infantil de conto de fadas… E mais uma vez o Grandmaster ameaça o reino e heróis são chamados para enfrentá-lo. Você é um deles?
Ao terminar as breves vinte edições obviamente fiquei com vontade de ler mais. Mas também fiquei feliz em ver que a maioria deles tiveram boas conclusões, conseguiram não apenas seguir na vida, mas evoluir apesar de tudo. Sei que o ideal do mundo real seguir este pensamento, mas sabemos muito bem que não é bem assim que as coisas funcionam.
O importante do final desta história é que DIE não acabou. Uma continuação parece estar no horizonte além de que um jogo de RPG também foi anunciado. Um bom momento para voltar a jogar, o que acha? Apesar de não ter nada parecido com Fábulas, na minha opinião acaba envolvendo o mesmo público de maneira parecida – mas com histórias bem diferentes.
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A primeira edição de DIE você também pode ler gratuitamente no site oficial da Image Comics.